A desaprovação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue em ascensão e agora atinge 53% dos eleitores, conforme os resultados da pesquisa PoderData divulgada nesta quarta-feira (19). O levantamento, realizado entre os dias 15 e 17 de março, aponta um aumento na desaprovação em relação aos índices observados em janeiro de 2025. Embora a variação esteja dentro da margem de erro de 2 pontos percentuais, os dados revelam uma mudança significativa na avaliação do governo.

Leia também: Quais são os 10 países onde o real vale mais em 2025?

Queda no Nordeste

O Nordeste, tradicionalmente considerado o reduto eleitoral de Lula, apresentou uma queda abrupta no apoio ao presidente. Em 2023, a diferença entre os eleitores que aprovavam e os que desaprovavam o governo era de 20 pontos percentuais. No entanto, a nova pesquisa mostra que essa diferença caiu drasticamente, chegando a apenas 4 pontos percentuais. O recuo na popularidade do presidente no Nordeste se torna um ponto crítico, já que essa região sempre foi fundamental para sua vitória nas urnas.

Essa diminuição do apoio no Nordeste reflete, em parte, a insatisfação com as políticas econômicas, as falas controversas do presidente e a falta de avanços mais visíveis em áreas que impactam diretamente a vida do eleitor nordestino.

A queda de apoio entre as mulheres

Outro dado relevante da pesquisa PoderData é a queda acentuada na avaliação positiva do governo entre as mulheres. Em janeiro de 2023, 45% das mulheres aprovavam a gestão de Lula. No entanto, em março de 2025, esse índice despencou para apenas 21%. A pesquisa não detalha todos os fatores que contribuem para essa queda, mas a insatisfação pode estar ligada a falas e gestos considerados misóginos por parte do presidente, como o comentário sobre a escolha de Gleisi Hoffmann para o Ministério das Relações Institucionais, feito durante sua posse, em que Lula a descreveu como “uma mulher bonita”.

A desvalorização de temas importantes para as mulheres, como igualdade de gênero, educação e políticas de saúde, também pode ser um fator crucial nesse retrocesso de apoio. Além disso, a crise econômica e o desemprego são questões que atingem duramente as mulheres em diversas faixas de renda.

Estratégia de comunicação

O governo de Lula tem se esforçado para melhorar a sua imagem, principalmente através de uma estratégia de comunicação mais ativa. A Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto (Secom) tem apostado em maior exposição pública do presidente, tentando recuperar a confiança da população, especialmente das mulheres e da região Nordeste. O novo responsável pela Secom, Sidônio Palmeira, reformulou a estratégia e tenta reverter a queda na avaliação.

O governo também apontou a falta de uma comunicação eficiente como um dos fatores responsáveis pela piora nas avaliações. Em 2024, Lula atribuiu a queda na sua aprovação à má gestão da Secom, o que levou à saída do então chefe da pasta, Paulo Pimenta. Apesar das tentativas de melhorar a publicidade, o governo ainda enfrenta desafios no quesito comunicação.

Polêmicas e gafes

A estratégia de maior exposição, no entanto, não tem sido isenta de controvérsias. Em várias ocasiões, Lula fez declarações polêmicas que impactaram negativamente a sua imagem. Um exemplo foi a afirmação de que escolheu Gleisi Hoffmann para o Ministério das Relações Institucionais porque ela era “uma mulher bonita”, uma fala considerada inapropriada por muitos, especialmente no contexto das questões de gênero.

Outro episódio que causou repercussão negativa foi quando Lula chamou o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães, de “cabeçudão do Ceará” durante um evento público. Embora o governo tenha defendido que essas declarações não tiveram um impacto duradouro, elas certamente afetaram a percepção pública, especialmente em um momento de fragilidade na imagem do presidente.