Saldo das operações de crédito se mantém estável em janeiro
Em janeiro, o saldo das operações de crédito no Brasil manteve-se estável em R$ 6,5 trilhões, mas a elevação nas taxas de juros impactou o custo do crédito, tornando-o mais caro tanto para empresas quanto para famílias.

Em janeiro, o saldo das operações de crédito no Brasil permaneceu estável em R$ 6,5 trilhões, conforme dados divulgados pelo Banco Central. Apesar da estabilidade no volume total de crédito, a composição entre os diferentes setores apresentou variações significativas, refletindo o impacto das taxas de juros elevadas e da desaceleração no crescimento do crédito para empresas. O aumento das taxas de juros, que atingiram 29,8% ao ano em média, preocupa tanto famílias quanto empresas, que enfrentam custos mais altos para obter financiamentos. A seguir, detalhamos os principais pontos dessa evolução do crédito no país, o impacto sobre a inadimplência e a nova legislação que limita os juros no cartão de crédito.
Custo dos empréstimos aumenta e juros sobem
Os dados mais recentes mostram que o custo do crédito no Brasil aumentou consideravelmente, com a taxa de juros média dos empréstimos alcançando 29,8% ao ano. Esse aumento tem afetado diretamente a capacidade de consumidores e empresas de acessarem crédito a preços acessíveis. Para as empresas, a taxa média foi de 21,4% ao ano, enquanto para pessoas físicas, o custo do crédito foi ainda maior, chegando a 33,8% ao ano. Essa elevação nas taxas de juros ocorre em um cenário de inflação persistente e uma política monetária mais restritiva, visando controlar a alta de preços.
O impacto imediato desse aumento nas taxas de juros é o encarecimento dos empréstimos, o que pode desestimular novos investimentos por parte das empresas e comprometer ainda mais o orçamento das famílias, já bastante endividadas.
Estabilidade no volume de crédito e variações setoriais
Em janeiro, o saldo total das operações de crédito no sistema financeiro nacional se manteve em R$ 6,5 trilhões, sem variação em comparação ao mês anterior. No entanto, a composição do crédito apresentou divergências: o crédito para pessoas físicas registrou um crescimento de 1,2%, atingindo R$ 4 trilhões. Esse aumento está atrelado principalmente ao crédito pessoal e ao financiamento de veículos, refletindo uma demanda ainda robusta por parte das famílias.
Por outro lado, o crédito para empresas teve uma queda de 1,8%, somando R$ 2,5 trilhões. Esse recuo é atribuído à maior cautela das empresas em relação ao aumento do custo do crédito e à alta instabilidade econômica, que tem dificultado o acesso das empresas a empréstimos mais baratos.
Crescimento anual do crédito
Apesar da estabilização em janeiro, o saldo total de crédito no Brasil apresentou um crescimento significativo de 11,7% nos últimos 12 meses. O crédito para pessoas físicas aumentou 12,7%, impulsionado principalmente por financiamentos e cartões de crédito. Já o crédito para empresas registrou uma alta mais modesta de 10,2%, refletindo a recuperação gradual da confiança empresarial após a crise econômica.
Esse crescimento anual, embora positivo, precisa ser interpretado com cautela, dado o contexto de juros elevados, o que sugere que o aumento no volume de crédito pode estar sendo sustentado principalmente pela demanda das famílias, que buscam formas de financiar suas necessidades diante do cenário inflacionário.
Aumento na inadimplência e maior endividamento das famílias
Outro ponto relevante abordado pelo Banco Central foi o aumento na inadimplência. O número de pessoas e empresas que atrasaram pagamentos por mais de 90 dias cresceu, atingindo 3,2% de todas as dívidas no país. Este aumento reflete a dificuldade crescente de famílias e empresas em honrar seus compromissos financeiros, especialmente em um cenário de juros elevados e alta inflação.
Além disso, o endividamento das famílias brasileiras continua sendo uma preocupação central. Quase metade da renda (48,3%) das famílias está comprometida com dívidas, como financiamentos e cartões de crédito. Embora esse índice tenha se mantido estável em relação a dezembro, ele é significativamente maior do que no ano passado, mostrando que o comprometimento com o pagamento de dívidas continua a ser um desafio para a população.
Mudanças nas regras para juros de cartão de crédito
Uma boa notícia para os consumidores foi a implementação de uma nova lei, que entrou em vigor em outubro de 2023, que limita o valor total de juros cobrados sobre dívidas de cartão de crédito. A nova regulamentação estipula que os bancos não podem cobrar juros que ultrapassem o valor original da dívida, oferecendo um alívio para aqueles que enfrentam dificuldades em pagar suas faturas de cartão de crédito. Essa medida visa reduzir a sobrecarga financeira das famílias e evitar o aumento de dívidas impagáveis.