Investimentos em 2025: expectativa de desaceleração em meio a juros altos
O cenário para os investimentos no Brasil em 2025 apresenta desafios, com a expectativa de desaceleração devido aos juros elevados e incertezas econômicas.

O crescimento dos investimentos no Brasil tem mostrado sinais de desaceleração para 2025, após um ano positivo em 2024, impulsionado por juros mais baixos e um consumo aquecido. Embora os dados de 2024 tenham revelado um aumento expressivo de 7,3% no índice de investimentos, os economistas preveem que o cenário de juros elevados e as incertezas no cenário global e doméstico tornarão os investimentos mais cautelosos no próximo ano. Com isso, as previsões para 2025 são menos otimistas, com uma expectativa de crescimento reduzido no setor.
O que esperar para os investimentos em 2025?
Em 2024, o Brasil experimentou um aumento significativo nos investimentos, que subiram 7,3%, alcançando o maior ritmo de crescimento dos últimos três anos, conforme dados do IBGE. Isso foi impulsionado principalmente pela queda nos juros e o aquecimento do consumo. No entanto, o crescimento foi moderado no último trimestre do ano, com um avanço de apenas 0,4%, o que já indicou que a aceleração enfrentaria obstáculos nos próximos meses.
Economistas como Roberto Padovani, economista-chefe do banco BV, destacam que os juros altos são o principal fator por trás das estimativas mais modestas para 2025. “Fica mais caro financiar o investimento, e aumentam as incertezas quanto ao retorno deles”, explica Padovani, que ainda revisa suas projeções para o ano seguinte. O cenário internacional, com tensões geopolíticas, tarifas e um crescimento global mais fraco, também contribui para o ambiente incerto, impactando diretamente as perspectivas econômicas brasileiras.
O impacto dos juros altos e da incerteza global
Uma das maiores preocupações dos analistas é o impacto dos juros elevados sobre os investimentos de curto prazo. Quando os juros aumentam, os custos de financiamento sobem, tornando o capital mais caro para as empresas e reduzindo sua disposição para novos aportes, especialmente em setores de rápido retorno. Além disso, a pressão externa, como as flutuações no dólar e a incerteza geopolítica, também afeta diretamente o ambiente de negócios, tornando os investidores mais cautelosos.
O aumento da dívida pública brasileira e o risco de maior instabilidade econômica também são fatores que pesam sobre os planos de investimentos das empresas. No entanto, projetos de longo prazo, como a compra de concessões de rodovias ou grandes infraestruturas, continuam a ser uma opção para aqueles dispostos a apostar em horizontes mais distantes.
Juros altos e desafios para o setor privado
O setor privado continua sendo o principal motor dos investimentos em infraestrutura no Brasil, representando quase 70% dos aportes na área. No entanto, as pequenas e médias empresas (PMEs), que são mais sensíveis às flutuações econômicas e ao custo do crédito, enfrentam maiores dificuldades. A incerteza fiscal e o cenário de juros elevados podem afetar negativamente a disposição dessas empresas em investir, especialmente quando os custos são mais altos e as perspectivas de retorno ficam incertas.
A previsão de crescimento mais tímido nos investimentos também é reflexo da falta de coordenação entre as políticas monetária e fiscal do governo. A pesquisadora Silvia Matos, do FGV Ibre, destaca que, apesar dos investimentos em infraestrutura já contratados, como os projetos do Minha Casa, Minha Vida, a recuperação será concentrada em algumas áreas específicas. “O investimento acaba sendo penalizado pela política monetária e pela incerteza que permeia a economia”, afirma Matos.
O papel da infraestrutura e a expectativa para os pequenos investimentos
Embora o cenário para os investimentos em geral seja desafiador, as previsões de crescimento ainda não são completamente pessimistas. A execução de projetos de infraestrutura, tanto públicos quanto privados, deve continuar sendo uma área de investimento importante. De acordo com Claudio Frischtak, CEO da Inter.B Consultoria, muitos projetos já foram contratados pela iniciativa privada, especialmente no setor de infraestrutura, onde os ciclos de investimento são mais longos.
Além disso, investimentos em máquinas e equipamentos podem ajudar a dar algum fôlego à economia em 2025, uma vez que o governo federal tem incentivado a depreciação acelerada, o que torna a aquisição de novos ativos mais atrativa para as empresas. No entanto, esses investimentos podem ser mitigados pela incerteza sobre a demanda e a falta de previsibilidade sobre como o governo lidará com os desafios fiscais e monetários.