Bolsonaro critica inelegibilidade até 2030 e ironiza investigação sobre golpe em entrevista
Em entrevista no aeroporto de Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro criticou a inelegibilidade até 2030 imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), reafirmando que só indicaria outro candidato para 2026 “depois de morto”.
Bolsonaro critica inelegibilidade até 2030 e ironiza investigação sobre golpe em entrevista
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a se manifestar, na quinta-feira (6), sobre sua inelegibilidade até 2030, decretada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e sobre as acusações que envolvem sua suposta tentativa de golpe de Estado após sua derrota nas eleições de 2022. Em uma entrevista a jornalistas no aeroporto de Brasília, Bolsonaro reforçou que, “só depois de morto” indicaria outro nome para disputar a presidência em 2026, além de ironizar as investigações que o vinculam a um possível golpe, desqualificando as alegações de maneira provocativa.
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Críticas à inelegibilidade e declaração sobre 2026
Em uma declaração contundente, o ex-presidente Bolsonaro criticou a decisão do TSE que o declarou inelegível até 2030. A decisão, que tem gerado controvérsias desde sua divulgação, impede o ex-presidente de concorrer novamente ao cargo máximo do Brasil nas próximas eleições presidenciais. Durante a entrevista, Bolsonaro destacou que não aceitará essa decisão e fez uma declaração categórica sobre as eleições de 2026, afirmando que “só depois de morto” indicaria outro candidato.
“A minha não participação seria uma negação à democracia. Se tivesse um motivo justo para isso, eu nem estaria falando com vocês aqui. Eu fugiria, iria embora”, declarou Bolsonaro, referindo-se à sua contínua disposição para se manter na disputa política e sua visão sobre a liberdade partidária no Brasil.
O ex-presidente ainda ressaltou que, embora vários partidos tenham a capacidade de lançar candidatos, ele não estaria “atrapalhando ninguém”. “Cada partido que se apresente, lance o candidato, comece a andar pelo Brasil, como eu fiz”, completou. A afirmação gerou repercussão entre aliados e opositores, com diversos analistas políticos debatendo a viabilidade de sua candidatura.
Ironias sobre as acusações de golpe de estado
Bolsonaro não se limitou a comentar a inelegibilidade. Ele também respondeu às acusações feitas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que o envolvem em uma suposta tentativa de golpe de Estado para permanecer no poder após sua derrota nas urnas. As alegações surgiram no contexto de investigações relacionadas aos eventos que ocorreram após a eleição de 2022, quando Bolsonaro ainda contava com apoio de parte de seus seguidores e aliados.
Em tom irônico, o ex-presidente criticou a investigação, dizendo: “Que golpe é esse, em janeiro, em que você não está no Brasil? Eu tramei com o Pateta, com o Pato Donald, com o Mickey Mouse, só pode ser isso aí”. A ironia se estendeu ainda mais com a questão da execução de um golpe a partir de Orlando, onde Bolsonaro passou uma temporada após as eleições. “Vou dar golpe sem Força nenhuma? Lá da Disney?”, afirmou, desqualificando a seriedade da acusação.
A PGR apresentou denúncias formais contra Bolsonaro por crimes graves, incluindo a abolição violenta do Estado democrático de direito e organização criminosa. Caso as acusações se confirmem, o ex-presidente pode enfrentar uma sentença de até 43 anos de prisão.
Desqualificação das acusações sobre plano de assassinato
Além de reagir às investigações sobre o suposto golpe, Bolsonaro também se pronunciou sobre uma das alegações mais graves que surgiram nas investigações: um suposto plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes (STF). Bolsonaro chamou as acusações de “infantis”, fazendo uma piada sobre a ideia de envenenamento e dizendo: “Sequestrar alguém e envenenar? ‘Está aqui um copinho de chumbinho’? Está de sacanagem? Coisa infantil”.
Essa resposta de Bolsonaro foi mais uma tentativa de desqualificar a seriedade das alegações, que geraram bastante repercussão tanto no Brasil quanto internacionalmente. O ex-presidente, ao minimizar as acusações de forma irreverente, manteve seu discurso de que as investigações contra ele não passam de uma “injustiça política” para afastá-lo da cena pública e impedi-lo de voltar à presidência.
Críticas ao julgamento no STF e questionamento sobre o devido processo legal
A crítica de Bolsonaro também se estendeu ao Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente à escolha de julgá-lo pela 1ª Turma da Corte, que inclui o ministro Alexandre de Moraes, o relator do inquérito, além de outros nomes com os quais Bolsonaro já teve embates, como Cristiano Zanin, ex-advogado de Lula, e Flávio Dino, ex-ministro de Lula. Bolsonaro questionou as razões para a escolha de um grupo específico para julgá-lo e desafiou a decisão de ser julgado de forma separada, ao contrário de outros réus que enfrentam julgamento pelo pleno da Corte.
“Se eu sou tão criminoso assim, por que não seguir o devido processo legal?”, disse Bolsonaro, levantando dúvidas sobre a imparcialidade do julgamento. Ele comparou sua situação à de outros réus, como os acusados dos atos de 8 de janeiro, que, segundo ele, estavam sendo julgados pelo pleno, enquanto ele enfrentava uma decisão mais restritiva e possivelmente parcial. Essas declarações geraram críticas e apoio entre diferentes segmentos da sociedade, com muitos advogados e juristas debatendo a legalidade do processo.