Os preços do petróleo estão registrando uma queda expressiva no início de março, projetando o pior desempenho mensal desde setembro de 2024. O barril do petróleo Brent, referência internacional, operava em queda de 0,98%, sendo negociado a US$ 72,85, enquanto o petróleo WTI, referência nos EUA, desvalorizava-se 1,11%, a US$ 69,56. Esses recuos, que devem resultar em uma desvalorização superior a 3% durante fevereiro, refletem incertezas que têm impactado o mercado global.

Queda nos preços do Petróleo

O movimento de desvalorização do petróleo é impulsionado por uma série de fatores globais. O mais relevante entre eles são as tensões comerciais nos Estados Unidos e a expectativa de um possível acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia. Esses dois elementos têm prevalecido sobre as preocupações com possíveis interrupções na oferta do petróleo, afetando diretamente o equilíbrio do mercado.

O principal reflexo dessas incertezas é uma queda significativa nos preços dos contratos de petróleo. O barril do Brent, que é uma das principais referências para o mercado internacional e para a Petrobras (PETR4), viu sua cotação cair abaixo dos US$ 73, um valor que não era registrado desde o final de 2023. A queda no WTI, que representa a cotação do petróleo nos Estados Unidos, também seguiu essa trajetória de desvalorização.

Negociações de paz

A expectativa de um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia tem gerado grande influência sobre o mercado de petróleo. Caso um acordo seja formalizado, existe a possibilidade de suspensão das sanções econômicas impostas à Rússia, o que pode levar a um aumento significativo na oferta global de petróleo. Essa ampliação da oferta, por sua vez, pressionaria os preços para baixo, aprofundando a desvalorização da commodity.

No cenário atual, a incerteza é um dos principais motores da queda nos preços. Embora um acordo de paz possa ser visto como positivo para a economia global, ele também representa uma ameaça ao setor de petróleo, com o aumento da oferta global equilibrando a relação entre demanda e produção, enfraquecendo ainda mais os preços.

Medidas de Trump e seu impacto no mercado

Outro fator relevante para a queda no mercado de petróleo é a recente política de Donald Trump, que revogou a licença da Chevron para operar na Venezuela. Esse movimento interrompeu as importações de petróleo venezuelano para os Estados Unidos, que neste ano representavam cerca de 270 mil barris por dia. Além disso, a retomada da “pressão máxima” contra o Irã visa reduzir a exportação de petróleo iraniano, com o objetivo de atingir intermediários e operadores de petroleiros envolvidos no transporte dessa commodity.

Essas ações de Trump adicionam uma camada de complexidade ao mercado, pois, ao mesmo tempo em que visam reduzir a oferta de petróleo de países considerados adversários dos Estados Unidos, elas também provocam um impacto nos preços globais.

OPEC+ e suas divergências internas

A OPEC+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados) enfrenta um dilema interno sobre a decisão de seguir com o aumento programado da produção de petróleo para abril de 2025. A aliança atualmente mantém um corte de 5,85 milhões de barris diários, mas a falta de consenso sobre a estratégia de produção tem aumentado a incerteza no mercado.

Se, por um lado, a manutenção do corte de produção poderia restringir ainda mais a oferta global, por outro, um aumento da produção, alinhado com as incertezas econômicas globais e políticas de sanções, pode levar à queda nos preços, impactando diretamente as finanças de países produtores e empresas do setor.

Inflação nos EUA e expectativa sobre a política monetária do Fed

A economia dos Estados Unidos também tem se mostrado um fator importante na queda nos preços do petróleo. O aumento expressivo nos pedidos de seguro-desemprego, conforme reportado na última quinta-feira, e o crescimento modesto do PIB, que ficou em 2,3% no quarto trimestre, indicam uma possível desaceleração econômica.

Esses dados se somam à expectativa em torno da inflação nos EUA e das futuras decisões do Federal Reserve (Fed), que pode alterar sua política monetária. O aumento da taxa de juros nos EUA tem efeito direto sobre o valor do dólar, e, com um dólar mais forte, o petróleo se torna mais caro para compradores estrangeiros, o que pode reduzir a demanda. Portanto, a expectativa de uma política monetária mais cautelosa do Fed pode ter um efeito estabilizador nos preços do petróleo a médio prazo.