Israel adia retorno ao norte de Gaza após acusação de descumprimento de acordo pelo Hamas
Israel adiou o retorno de palestinos ao norte de Gaza depois de acusar o Hamas de violar o acordo de cessar-fogo ao não libertar a refém civil Arbel Yehud.
Israel adia retorno ao norte de Gaza após acusação de descumprimento de acordo pelo Hamas
Após a libertação de quatro soldados israelenses que estavam reféns do Hamas por mais de 400 dias, o governo de Israel anunciou o adiamento da permissão para o retorno de palestinos deslocados ao norte de Gaza. A decisão vem após o Hamas não cumprir integralmente os termos de um acordo de cessar-fogo, deixando de libertar a refém civil Arbel Yehud, conforme prometido. As autoridades israelenses reafirmaram que a devolução da prisioneira será essencial para permitir o retorno dos palestinos à região.
O anúncio do adiamento foi feito pelo governo de Israel no sábado, logo após a libertação das quatro militares israelenses, que haviam sido feitas reféns do Hamas desde 2023. O governo de Benjamin Netanyahu acusou o grupo armado de violar o acordo de cessar-fogo ao não liberar Arbel Yehud, uma refém civil, como estava estipulado. Yehud foi sequestrada durante o ataque de 7 de outubro de 2023, quando foi feita refém junto com seu namorado, Ariel Cunio. Durante o ataque, seu irmão, Dolev Yehud, foi morto, e seus restos mortais foram identificados pelas forças israelenses em junho de 2024.
Israel indicou que não permitirá o retorno de palestinos ao norte da Faixa de Gaza até que os termos do acordo sejam cumpridos, e a libertação de Yehud seja confirmada. A medida visa pressionar o Hamas a liberar todos os reféns, incluindo a jovem de 29 anos, que segue sem previsão definida para sua devolução, apesar de informações preliminares sobre sua libertação na próxima semana.
A libertação das quatro soldados, que haviam sido mantidas reféns por 477 dias, foi um momento de alívio para Israel. Karina Ariev, Daniella Gilboa, Naama Levy e Liri Albag foram libertadas neste sábado em uma operação que marcou um passo importante nas negociações entre o governo israelense e o Hamas. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu usou sua conta no X (antigo Twitter) para celebrar a libertação das soldados, dizendo que continuará a trabalhar para a devolução de todos os reféns, tanto os vivos quanto os mortos.
A libertação das militares foi vista como um marco, mas também evidenciou as complexidades e os desafios envolvidos nas negociações com o Hamas. Apesar de ter conseguido garantir a soltura das quatro, o governo de Israel permanece firme na exigência de que todos os reféns sejam devolvidos, especialmente Arbel Yehud, cuja situação continua a gerar incerteza.
Arbel Yehud: A situação da refém civil
Arbel Yehud, cujas circunstâncias de captura são particularmente trágicas, tem sido uma das figuras centrais nas discussões sobre o futuro das negociações. A jovem foi sequestrada durante um ataque ao Kibutz Nir Oz, no sul de Israel, onde vivia com seu namorado. A falta de informação concreta sobre sua condição física levou a especulações sobre sua morte, mas uma fonte do Hamas afirmou à BBC que Yehud está viva e será libertada na próxima semana, juntamente com um novo grupo de reféns. Essas informações, se confirmadas, podem aliviar a tensão entre os envolvidos nas negociações, mas a situação permanece incerta.
O caso de Yehud destaca as dificuldades da negociação de reféns em cenários de conflito prolongado, onde as promessas podem ser quebradas e os interesses das partes envolvidas muitas vezes se chocam.
Liberação de prisioneiros palestinos e impactos da operação
Enquanto a situação de Yehud permanece em suspense, o governo de Israel também anunciou a liberação de 200 prisioneiros palestinos, como parte de um acordo com o Hamas. Entre os libertados, havia prisioneiros com condenações graves, incluindo aqueles que haviam sido sentenciados à prisão perpétua. Esses prisioneiros foram transferidos para o Egito, de onde serão deportados para países vizinhos, como Catar e Turquia.
Desses 200 palestinos libertados, pelo menos metade poderá retornar para suas casas na Cisjordânia. Contudo, a liberação dos prisioneiros tem gerado controvérsias, com alguns observadores questionando a política de Israel em relação aos prisioneiros de guerra e aos acordos de paz com o Hamas.