Japão deve registrar hiato do produto positivo pela primeira vez em sete anos, prevê governo
O governo japonês prevê que a economia do país atingirá a capacidade total pela primeira vez em sete anos, com um hiato do produto positivo de 0,4% no próximo ano fiscal.

O governo do Japão anunciou recentemente que a economia do país deve atingir capacidade total pela primeira vez em sete anos, com um hiato do produto de +0,4% no próximo ano fiscal. Esse dado, divulgado pelo Escritório do Gabinete japonês, reflete uma recuperação econômica robusta, impulsionada por uma forte demanda e uma escassez crescente de mão de obra, que limita a oferta de bens e serviços no país. Com esse cenário, o Japão caminha para um desempenho econômico superior à sua capacidade potencial, sinalizando uma trajetória positiva para os próximos anos.
O que é o hiato do produto e o que ele representa para a economia?
O hiato do produto é um indicador econômico crucial, que mede a diferença entre a produção real de um país e sua produção potencial. Quando o hiato é positivo, significa que a economia está produzindo acima de sua capacidade máxima, uma sinalização de que a demanda interna está alta, refletindo uma economia aquecida. Esse hiato positivo é interpretado como um sinal de crescimento econômico saudável e é frequentemente monitorado por autoridades como o Banco do Japão, que utiliza esse dado para avaliar a força da economia e a possibilidade de inflação conduzida pela demanda.
A previsão do Escritório do Gabinete, com base nas projeções atuais, é que o hiato do produto do Japão atinja +0,4% no ano fiscal de 2024, o que representa um forte contraste em relação aos anos anteriores. Durante o pico da pandemia, em 2020, o hiato entrou em território negativo, atingindo -4,5%, um reflexo da forte desaceleração econômica global.
Fatores que impulsionam o hiato positivo no Japão
O crescimento do hiato do produto para valores positivos no Japão é impulsionado principalmente pela escassez de mão de obra. A força de trabalho do país está em torno de 69 milhões de trabalhadores, e a falta de pessoal qualificado tem dificultado a expansão da oferta de produtos e serviços. Este fenômeno é um reflexo das dificuldades demográficas enfrentadas pelo Japão, com uma população envelhecendo e uma taxa de natalidade em declínio.
Essa escassez de mão de obra, longe de ser um problema simples, cria uma situação paradoxal onde a demanda por produtos e serviços cresce, mas a oferta não consegue acompanhar, fazendo com que a economia opere acima de sua capacidade potencial. Esse tipo de desequilíbrio pode ter implicações significativas, como aumentos de preços e pressão sobre o mercado de trabalho, algo que o governo e o Banco do Japão têm acompanhado de perto.
A recuperação econômica pós-pandemia e o impacto sobre a inflação
Embora o Japão tenha experimentado um hiato negativo durante a pandemia, o país parece estar agora em uma trajetória de recuperação econômica. A previsão de um hiato do produto positivo em 2024 reflete a recuperação do mercado de trabalho e o fortalecimento da demanda interna. No entanto, essa recuperação também está trazendo desafios adicionais, como o aumento dos preços e a pressão inflacionária.
O Escritório do Gabinete do Japão espera que o índice geral de preços ao consumidor desacelere para 2% no próximo ano fiscal, uma redução em relação aos 2,5% previstos para este ano. Essa desaceleração é uma boa notícia para os consumidores, mas também está ligada à limitação do crescimento da oferta, causada pela escassez de trabalhadores. Embora a inflação tenha desacelerado, a pressão sobre os preços continuará existindo enquanto o país enfrenta a escassez de mão de obra.
Por que o hiato do produto é importante para o Banco do Japão?
O hiato do produto não é apenas uma métrica interessante, mas é fundamental para o Banco do Japão ao determinar se a economia está se expandindo de forma suficiente para gerar inflação. Para que o banco central eleve as taxas de juros e aumente a inflação, é preciso que haja uma pressão suficiente pela demanda que compense os custos mais altos de produção.
Em anos anteriores, o Banco do Japão tem adotado políticas monetárias extremamente expansivas para estimular a economia, mantendo as taxas de juros extremamente baixas. Com o hiato do produto agora voltando a valores positivos, surge a pergunta: o Japão está pronto para uma política monetária mais restritiva? Embora o país ainda enfrente desafios demográficos e uma baixa taxa de crescimento, o aumento do hiato pode indicar que a economia está finalmente encontrando seu equilíbrio.