A HIG Capital, controladora da Kora Saúde (KRSA3), anunciou no último domingo (15) a proposta de uma nova Oferta Pública de Aquisição (OPA) das ações da companhia, com um prêmio de 31% sobre o preço de fechamento da última sexta-feira (13). Esta é a segunda tentativa da gestora de retirar a rede hospitalar da Bolsa de Valores, após uma tentativa frustrada realizada em julho deste ano. A oferta, que visa eliminar a Kora da B3, destaca-se não só pelo valor atrativo, mas também pela estratégia envolvendo o apoio de acionistas-chave e um cenário político corporativo complicado.

O que é a nova OPA e como ela foi estruturada?

A proposta de aquisição da HIG Capital sugere o valor de R$ 8,80 por ação, um prêmio de 31% sobre o valor de fechamento das ações da Kora Saúde no dia 13 de dezembro, que foi de R$ 6,72. Este valor foi estrategicamente proposto como forma de tornar a operação atrativa para os acionistas minoritários da empresa. Para que a OPA seja bem-sucedida, a HIG precisa de uma aprovação majoritária dos acionistas do free float, ou seja, daqueles que não fazem parte do controle da empresa.

Atualmente, o free float da Kora é de 20,3%, mas, excluindo os fundadores, esse percentual reduz-se para 10%. A HIG Capital já tem um apoio expressivo de 31,86% dos acionistas do free float para aprovar a operação, o que coloca a proposta em um cenário favorável. Essa movimentação é uma estratégia da gestora, que já possui compromissos de venda suficientes para concretizar a aquisição da empresa.

Como a tentativa anterior foi frustrada?

Em julho deste ano, a HIG Capital tentou realizar uma OPA semelhante para retirar a Kora Saúde da Bolsa. No entanto, a operação enfrentou resistência significativa, principalmente por parte de acionistas minoritários que se opuseram aos termos da proposta. Além disso, houve um embate com a B3, a Bolsa de Valores brasileira, que complicou ainda mais a situação. A falta de consenso e o impasse com os acionistas fizeram com que a tentativa de aquisição fosse abandonada.

Agora, com uma proposta mais atrativa e o apoio de um número considerável de acionistas, a HIG Capital busca superar as dificuldades anteriores e levar a cabo sua estratégia de delistamento. O cenário atual é diferente, com um prêmio mais alto e a adesão de investidores chave, o que aumenta as chances de sucesso desta nova operação.

O papel dos fundadores e o impasse na votação

Uma das particularidades dessa nova OPA é o envolvimento dos fundadores da Kora Saúde, Bruno Moulin Machado e Ivan Lima, que possuem uma participação significativa de 11% no capital da empresa. Ambos são favoráveis à OPA, mas, devido a um acordo de acionistas com os controladores da empresa, eles estão impedidos de participar da votação decisiva sobre a operação. Isso significa que, embora sua opinião seja favorável à proposta, ela não terá impacto direto na aprovação da OPA.

A falta de participação dos fundadores é um fator que pode gerar debate entre os acionistas minoritários, já que a decisão ficará nas mãos daqueles que não possuem vínculo direto com a controladora. Esse detalhe pode ser crucial, já que uma decisão favorável à OPA precisa alcançar os dois terços dos votos do free float para ser válida. No entanto, o compromisso de quase um terço do float com a HIG torna a operação mais viável.

Por que a HIG Capital busca retirar a Kora da Bolsa?

O principal objetivo da HIG Capital com essa proposta de OPA é simplificar a gestão da Kora Saúde e alinhar as operações à estratégia de crescimento e reestruturação da rede hospitalar. Ao retirar a empresa da Bolsa de Valores, a HIG teria maior flexibilidade para implementar mudanças sem a pressão das exigências regulatórias e do mercado. A gestora busca, assim, acelerar os processos internos e adaptar a companhia às demandas do mercado de saúde.

Além disso, a retirada da Bolsa pode ser vista como uma maneira de reduzir a volatilidade das ações da Kora, permitindo que a empresa foque em sua expansão e em sua competitividade no setor. Para investidores que optarem por vender suas ações, a oferta representa uma oportunidade de obter um prêmio atraente sobre o valor atual dos papéis.

O que está em jogo para os acionistas?

Para os acionistas da Kora Saúde, a decisão sobre a OPA envolve a ponderação entre a aceitação da oferta e a continuidade do investimento na Bolsa. O prêmio de 31% pode ser um atrativo considerável, especialmente para os minoritários que adquiriram suas ações por preços mais baixos no passado. Por outro lado, a decisão de continuar investindo na empresa dependerá da visão dos acionistas sobre o futuro da Kora Saúde e a estratégia de longo prazo da HIG Capital.