No último sábado (30), Trump apresentou uma exigência direta aos países que compõem o Brics — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Ele pediu que o bloco se comprometesse a não desenvolver uma moeda própria nem apoiar outra que pudesse competir com o dólar norte-americano. Como forma de pressão, Trump ameaçou aplicar tarifas comerciais de 100% a esses países, caso descumpram suas condições.

As declarações, feitas em meio a um cenário global de crescente desdolarização, apontam para uma tentativa de manter a hegemonia do dólar no comércio internacional e nas reservas de países emergentes.

Resposta do Kremlin às declarações dos EUA

Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, reagiu às ameaças de Trump destacando que tal abordagem poderá ser contraproducente para os próprios Estados Unidos. Ele afirmou que o dólar vem perdendo espaço como moeda de reserva global, e que a tentativa de impor seu uso através de pressão econômica pode acelerar esse declínio.

Segundo Peskov, muitos países já estão diversificando suas reservas internacionais, buscando alternativas ao dólar em função da instabilidade política e econômica atrelada à moeda norte-americana.

Tendência global de desdolarização

A desdolarização tem ganhado força nos últimos anos, especialmente em economias emergentes. Com a criação de sistemas de pagamento alternativos e acordos bilaterais em moedas locais, o Brics tem se posicionado como um dos líderes desse movimento.

Um dos exemplos mais recentes é o debate sobre a criação de uma moeda comum para o bloco. Embora a proposta ainda esteja em estágio inicial, sua simples menção representa um desafio direto ao domínio do dólar no comércio internacional.

Além disso, países como China e Rússia já utilizam suas moedas nacionais em uma parcela significativa de seus negócios bilaterais, reduzindo a dependência do dólar.

Impactos geopolíticos das ameaças de Trump

As declarações de Trump refletem não apenas uma disputa econômica, mas também uma batalha pelo poder geopolítico. O domínio do dólar tem sido um dos principais instrumentos de influência dos Estados Unidos na política internacional, permitindo ao país impor sanções e exercer pressão sobre outros governos.

No entanto, especialistas alertam que medidas unilaterais, como as tarifas mencionadas por Trump, podem minar a confiança global no dólar e incentivar ainda mais os esforços para criar alternativas ao sistema financeiro liderado pelos EUA.

Adicionalmente, o Brics, como bloco, busca aumentar sua relevância no cenário global e diminuir sua vulnerabilidade a flutuações no dólar, fortalecendo a cooperação entre seus membros e explorando novos caminhos para maior independência econômica.