Polícia Federal deflagra operação contra fintechs que movimentaram R$ 6 bi do crime organizado
A Polícia Federal deflagrou, em 26 de novembro, a Operação Tai-Pan, visando desarticular um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo três fintechs no Brasil, que movimentaram R$ 6 bilhões em cinco anos.

Na manhã desta terça-feira, 26 de novembro, a Polícia Federal deu início à Operação Tai-Pan, um desdobramento de uma investigação que desarticulou um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo três fintechs no Brasil. As investigações apontam que o grupo movimentou R$ 6 bilhões em transações financeiras nos últimos cinco anos, com recursos provenientes de diversas organizações criminosas. A operação tem como foco o desmantelamento de um complexo sistema bancário ilegal, que agiu dentro e fora do território nacional, especialmente com destinos para países como China, EUA e Panamá.
O que é a operação Tai-Pan?
A Operação Tai-Pan visa desarticular um grupo criminoso formado por fintechs que facilitaram a lavagem de dinheiro para organizações criminosas internacionais. A operação foi batizada com esse nome em referência a uma obra literária sobre um empresário do século XIX, responsável pelo transporte de mercadorias chinesas para o mundo. No caso da investigação, os recursos movimentados eram principalmente direcionados para a China, mas também passavam por diversos outros países, como os Estados Unidos e a Argentina.
A Polícia Federal cumpre 16 ordens de prisão preventiva e 41 ordens de busca e apreensão em diferentes estados do Brasil. As ações estão sendo realizadas em São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina, Paraná, Ceará, Bahia e no Distrito Federal. Além disso, as diligências ocorrem em cidades como Campinas, Guarulhos, Fortaleza, Florianópolis, Brasília, Foz do Iguaçu, e outras localidades. A operação mobilizou cerca de 200 agentes da Polícia Federal.
Como o esquema funcionava?
O esquema criminoso investigado pela Polícia Federal utilizava um sistema bancário paralelo e ilegal. De acordo com as autoridades, as fintechs sob suspeita operavam com contas bancárias que permitiam movimentações de até R$ 2 milhões por dia. O líder da organização criminosa, em particular, movimentou sozinho R$ 800 milhões em 2024. Esse sistema envolvia, entre outras práticas ilícitas, o uso de empresas de fachada, a falsificação de documentos de importação e exportação, e a utilização de contas “bolsões” para esconder e transferir grandes somas de dinheiro.
Uma das principais estratégias identificadas pela PF foi a transposição de recursos para criptoativos, especialmente stablecoins como o USDT e o USDC, usados para dificultar o rastreamento das transações. O esquema também envolvia operações de câmbio fraudulentas e o uso de pessoas laranjas para ocultar as movimentações.
Além disso, a lavagem de dinheiro se estendia a uma rede de empresas no Brasil e em outros países, como Panamá e Hong Kong, que permitiam o fluxo de dinheiro para organizações criminosas ligadas ao tráfico de drogas, armas, contrabando e outros crimes transnacionais. De acordo com a PF, o principal destino dos recursos era a China, onde a maior parte do dinheiro era direcionada.
Porque a operação é importante?
A Operação Tai-Pan é um marco no combate à lavagem de dinheiro e à atuação de grupos criminosos transnacionais no Brasil. Ao desmantelar esse esquema, a Polícia Federal não só enfraquece organizações criminosas que operam no tráfico de drogas, armas e contrabando, mas também impede o crescimento de sistemas bancários ilegais que facilitam a evasão de divisas e a ocultação de capitais. A operação também destaca o crescente uso de criptoativos como meio para disfarçar a origem e o destino de grandes quantias de dinheiro ilícito.
Além das prisões e apreensões realizadas, a Justiça Federal determinou o bloqueio de bens e valores de mais de R$ 10 bilhões contra 214 pessoas jurídicas envolvidas no esquema criminoso. Esse bloqueio visa impedir que o dinheiro lavado seja reinvestido em novas atividades ilícitas e garantir que os recursos sejam recuperados.