As ações da Alphabet, empresa-mãe do Google, sofreram uma queda significativa após o Departamento de Justiça dos Estados Unidos sugerir que a gigante da tecnologia pode ser obrigada a vender seu navegador Chrome. A medida, se implementada, tem o objetivo de enfraquecer o domínio do Google sobre o mercado de buscas online. A recomendação foi feita no contexto de uma investigação antitruste em andamento, e a queda das ações foi de 6,15%, refletindo a preocupação dos investidores sobre os impactos financeiros dessa possível decisão.

O que está acontecendo?

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos está analisando a posição de monopólio do Google no mercado de buscas online, e como parte dessa investigação, uma recomendação foi feita para que a empresa se desfaça de seu navegador Chrome. Essa medida tem como foco a redução da dominância do Google no mercado de navegadores e, consequentemente, em sua principal fonte de receita, que é a publicidade vinculada ao Google Search.

A recomendação surgiu em um momento crítico, com a investigação antitruste intensificando-se nos Estados Unidos. Às 14h (horário de Brasília) de quinta-feira, 21 de novembro de 2024, as ações da Alphabet despencaram para US$ 166,44, um reflexo imediato da incerteza gerada pela possibilidade de venda do Chrome. Este movimento ocorre em um cenário de crescente pressão sobre as grandes empresas de tecnologia, especialmente as que dominam mercados como o de buscas e publicidade digital.

A proposta de venda do Chrome, embora pareça improvável segundo análises do Itaú BBA, teria um impacto profundo nas finanças da Alphabet. O navegador detém atualmente 67% do mercado global de navegadores, com o Google Search dominando em conjunto com o Safari. A Alphabet tem uma relação de dependência com esses navegadores, já que sua receita do Google Search é substancialmente derivada da sua presença como mecanismo de busca padrão em plataformas como o Chrome.

Caso a venda fosse implementada, seria difícil encontrar um comprador, dado o modelo de negócios atual. A maioria dos navegadores, como o Firefox e o Opera, gera receita por meio de acordos com o Google, e a transação do Chrome precisaria ser avaliada com cautela. O Itaú BBA sugere que a Microsoft seria o comprador mais provável, visto que poderia usar o Chrome para expandir o alcance do seu mecanismo de busca, o Bing.

Por que o Google dominou o mercado?

O Google construiu um império baseado na busca online, mas a estratégia de associar seu mecanismo de busca ao navegador Chrome foi um fator crucial para consolidar sua posição. O Chrome é o navegador mais popular globalmente, e a presença do Google Search como padrão em suas configurações impulsionou ainda mais sua participação no mercado. A investigação antitruste do Departamento de Justiça visa corrigir esse desequilíbrio, alegando que a Alphabet exerce um controle excessivo sobre o acesso dos usuários à informação na web.

O impacto financeiro para o Google

O Itaú BBA destacou que, embora as probabilidades de a venda do Chrome acontecer sejam baixas, o impacto financeiro para a Alphabet poderia ser substancial. Se o Chrome perdesse sua posição dominante no mercado de navegadores, a Alphabet poderia ver uma diminuição nas receitas provenientes de sua publicidade de pesquisa. O banco analisou diferentes cenários de perda de participação de mercado e concluiu que, dependendo de como os usuários migrarem para outros navegadores, o impacto na receita do Google Search poderia variar entre 5% e 30%.

Se a participação do Google Search nos navegadores alternativos, como o Safari e o Edge, diminuísse significativamente, isso poderia resultar em perdas consideráveis de receita. Por exemplo, se a participação nos navegadores padrão caísse para 99% e o Edge, da Microsoft, alcançasse uma fatia maior, o impacto nas finanças do Google seria bem mais expressivo.