Na última quinta-feira (7), o Federal Reserve (Fed) anunciou a redução da taxa de juros em 25 pontos-base, levando o patamar para uma faixa entre 4,5% e 4,75%. Esse corte estava dentro das expectativas do mercado, mas o cenário econômico dos Estados Unidos, com a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais de 2024, trouxe novas incertezas para a economia e as políticas do Fed. O ex-presidente republicano e o controle do Partido Republicano no Congresso podem provocar mudanças que reescrevem as perspectivas de crescimento e inflação para 2025.

O impacto da vitória de Trump nas decisões do Fed

Com a vitória de Trump, as propostas fiscais e comerciais do novo governo devem afetar as políticas monetárias do Fed, que pode precisar ajustar suas ações em um ambiente econômico mais complexo. O republicano trouxe à tona diversas mudanças potenciais, incluindo cortes de impostos, revisão de tarifas e mudanças na imigração, que podem elevar os déficits orçamentários, aumentar o crescimento e a inflação no curto prazo, além de provocar riscos a longo prazo para a economia dos Estados Unidos.

A relação entre as propostas de Trump e a política monetária do Fed será cuidadosamente observada. Embora o Fed tenha a independência de decidir sobre a taxa de juros com base em dados econômicos e não em pressões políticas, mudanças no ambiente fiscal e comercial podem gerar efeitos inesperados. De acordo com Steven Blitz, economista-chefe da TSLombard, “os déficits orçamentários e a política comercial podem se tornar um problema para o Fed gerenciar com o tempo”. Essas novas dinâmicas exigem que o banco central continue vigilante, ajustando suas políticas conforme necessário.

Expectativa de menos cortes no futuro e riscos econômicos

O corte de juros, que era amplamente esperado, reflete a continuação da luta do Fed contra a inflação. Porém, com a vitória de Trump, a confiança do mercado no ritmo de futuros cortes diminuiu. Inicialmente, o mercado esperava que o Fed pudesse reduzir os juros mais rapidamente, com uma taxa de 3,75% a 4% até o meio de 2025. Contudo, o novo regime fiscal e comercial que pode ser imposto pelo governo Trump, com déficits mais altos e um possível aumento na inflação, pode levar o Fed a desacelerar o processo de corte de juros.

Investidores e analistas agora esperam que o Fed seja mais cauteloso, ajustando sua política conforme as novas propostas fiscais e comerciais do governo republicano. Além disso, a pressão para manter o desemprego baixo pode se tornar um desafio adicional para o Fed, especialmente se o governo de Trump buscar políticas econômicas expansivas que resultem em um crescimento maior, mas também em inflação elevada.

A relação entre Trump e Jerome Powell

A relação entre Trump e o atual presidente do Fed, Jerome Powell, será uma das mais observadas nos próximos meses. Durante seu primeiro mandato, Trump não hesitou em criticar Powell, chamando-o de “inimigo” por aumentar as taxas de juros, que segundo o ex-presidente, estavam sufocando o crescimento econômico. Essa relação conturbada, embora um tanto pessoal, reflete as tensões entre a política monetária do Fed e as aspirações do governo Trump.

Embora Trump tenha nomeado Powell para o cargo de presidente do Fed em 2018, a sua reeleição por Joe Biden para um segundo mandato até 2026 coloca ainda mais em evidência os possíveis conflitos de interesses. Em seu primeiro mandato, Trump se mostrou contrário a uma política monetária apertada, preferindo juros baixos para estimular o crescimento. Agora, com um cenário de inflação ainda alta, o Fed precisa equilibrar as pressões externas com suas metas de controle da inflação, que continuam sendo uma prioridade.

Fed prioriza controle da inflação, nas novos desafios surgem

Apesar das novas pressões econômicas com a vitória de Trump, o objetivo do Fed de controlar a inflação não mudou. A meta de inflação do banco central continua sendo 2%, e, embora o processo de desinflação tenha avançado, o Fed acredita que ainda há muito a ser feito. A redução da taxa de juros é uma medida para ajudar a economia a desacelerar a inflação, mas com o novo governo, as políticas fiscais podem gerar efeitos complicados para esse processo.

As propostas de Trump, como os cortes de impostos e o aumento de tarifas, podem aquecer a economia a curto prazo, mas também aumentar a pressão inflacionária, o que pode forçar o Fed a ajustar sua política monetária novamente no futuro. O cenário fiscal, que inclui maiores déficits, pode colocar o Fed em uma posição difícil, pois terá que lidar com a pressão para manter o desemprego baixo, ao mesmo tempo em que enfrenta a ameaça de uma inflação mais alta.