Juros do cartão de crédito rotativo atingem 438,4% em setembro
Os juros do cartão de crédito rotativo subiram para 438,4% ao ano em setembro de 2024, marcando o maior patamar do ano, segundo o Banco Central.

Os juros do cartão de crédito rotativo atingiram 438,4% ao ano em setembro de 2024, conforme divulgado pelo Banco Central do Brasil. Este aumento de 11,5 pontos percentuais em relação ao mês anterior representa o maior nível de juros registrado neste ano, refletindo um cenário preocupante para os consumidores que dependem desse tipo de crédito. A elevação dos juros ocorre em um contexto de crescente pressão financeira sobre as famílias brasileiras, que já enfrentam desafios econômicos significativos.
De acordo com o relatório de Estatísticas Monetárias e de Crédito, os juros médios das operações de cartão de crédito rotativo subiram drasticamente, alcançando o maior patamar desde dezembro de 2023, quando os juros estavam em 442,1% ao ano. Esse aumento gera preocupação, especialmente para aqueles que utilizam essa linha de crédito para administrar suas despesas mensais.
O crédito rotativo é acionado por consumidores que não conseguem quitar o total da fatura do cartão na data do vencimento. Nesse caso, o banco oferece a opção de pagar apenas o valor mínimo, enquanto o restante do saldo entra no crédito rotativo. Embora essa prática ofereça uma solução temporária, ela se torna uma armadilha financeira devido às altas taxas de juros.
O crédito rotativo funciona como um empréstimo que permite que o consumidor financie o saldo devedor do cartão de crédito. Quando o cliente não paga o valor total da fatura, a dívida não é extinta, mas sim prorrogada, e os juros são aplicados sobre o saldo não pago. Assim, quanto mais tempo a dívida permanece, maior o montante que o consumidor terá que pagar devido aos juros acumulados.
Um aspecto que torna essa situação ainda mais complexa é a regulamentação do Conselho Monetário Nacional (CMN), que, a partir de janeiro de 2024, estabeleceu que as operações de juros rotativos não podem ultrapassar 100% do valor original da dívida. Essa medida visava proteger os consumidores de uma espiral de endividamento, mas o aumento contínuo dos juros indica que muitos ainda estão lutando para gerenciar suas dívidas de cartão de crédito.
Os juros do cartão de crédito rotativo refletem uma combinação de fatores econômicos e financeiros. O aumento da Selic pelo Banco Central, destinado a controlar a inflação, impacta diretamente o custo do crédito no Brasil. Além disso, a instabilidade econômica e a inflação crescente têm levado os bancos a ajustar suas taxas para cobrir riscos de inadimplência, resultando em juros mais altos para os consumidores.
O saldo das concessões de crédito no Brasil avançou 1,2% em setembro, totalizando R$ 6,2 trilhões. Esse aumento é um sinal de que, apesar das altas taxas de juros, as instituições financeiras continuam oferecendo crédito. No acumulado de 12 meses, a alta foi de 9,9%.
O estoque de crédito livre, que não está vinculado a fins específicos, cresceu 0,7% em setembro em comparação a agosto, enquanto o crédito direcionado, que é destinado a setores específicos, aumentou 1%. Essa expansão do crédito pode ser um reflexo da estratégia dos bancos em tentar recuperar o volume de operações após períodos de baixa.