A BP, gigante do setor energético, anunciou uma queda de 30% no lucro do 3T24, totalizando 2,3 bilhões de dólares. Esse resultado, o menor em quase quatro anos, ocorre em meio a margens de refino mais fracas e um desempenho decepcionante na comercialização de petróleo. Com a pressão crescente sobre sua estratégia de transição energética, a empresa enfrenta desafios significativos em um cenário de desaceleração econômica global, especialmente na China, um dos maiores consumidores de petróleo do mundo.

No terceiro trimestre de 2024, a BP registrou uma queda no lucro, impactada por diversos fatores, incluindo a desaceleração econômica e a diminuição da demanda por petróleo. O lucro do custo de reposição subjacente da BP, uma definição que considera o lucro líquido da empresa, foi de 2,27 bilhões de dólares. Embora esse valor tenha superado as expectativas de analistas que previam 2,05 bilhões de dólares, representa uma queda em comparação aos 2,8 bilhões de dólares do trimestre anterior e aos 3,3 bilhões de dólares do mesmo período do ano anterior.

Essa diminuição nos lucros é a mais significativa desde o quarto trimestre de 2020, quando os resultados da BP foram severamente impactados pela pandemia de COVID-19. Além disso, a produção de petróleo e gás da empresa aumentou 3% em relação ao ano anterior, totalizando 2,38 milhões de barris de óleo equivalente por dia. Contudo, esse aumento não foi suficiente para compensar as margens de refino mais fracas.

As ações da BP apresentaram um desempenho inferior ao de seus concorrentes no setor. Em 2024, os papéis da empresa caíram 15%, em contraste com a Shell, que teve uma queda de apenas 2%, e a Exxon Mobil, que registrou um ganho de 19%. Essa discrepância levanta preocupações entre investidores sobre a capacidade da BP de gerar lucros sustentáveis no futuro, especialmente com um aumento anual de 9% em seus níveis de dívida.

Apesar do desempenho financeiro fraco, a BP manteve o dividendo em 8 centavos por ação, após um aumento no trimestre anterior. A empresa também anunciou um programa de recompra de ações no valor de 1,75 bilhão de dólares nos próximos três meses, comprometendo-se a repetir essa ação nos três meses subsequentes.

Murray Auchincloss, que assumiu o cargo de CEO da BP em janeiro, está mudando a abordagem da empresa. Ele promete se concentrar em negócios de alta margem, distanciando-se da estratégia de seu antecessor, Bernard Looney, que buscava uma rápida expansão das energias renováveis e uma redução na produção de petróleo e gás. Auchincloss enfatizou que a BP se concentrará em valor em vez de volume, afirmando que a empresa errou ao priorizar o aumento de volume no passado.

Rumores indicam que a BP abandonou a meta de cortar a produção de petróleo e gás até 2030. O CEO disse que a empresa se compromete a trazer parceiros para projetos de energia eólica offshore, refletindo uma mudança na estratégia de investimento.