Eleitores culpam democratas pela alta de preços: como a economia afeta a eleição de 2024
Com o aumento significativo nos preços de itens essenciais, os eleitores nos EUA culpam os democratas pela inflação. A pesquisa revela que 61% acreditam que a economia está no caminho errado, o que pode influenciar o resultado das eleições de 5 de novembro.

A economia dos Estados Unidos enfrenta um desafio crescente, com os eleitores cada vez mais culpando os democratas pela disparada nos preços. Enquanto a recuperação econômica pós-Covid-19 tem sido observada em várias frentes, a realidade do dia a dia é marcada pelo aumento significativo dos custos de alimentos, aluguel e serviços públicos, afetando diretamente a vida de milhões de americanos. Neste cenário, a perspectiva de uma eleição em 5 de novembro se torna um divisor de águas.
Os preços de itens essenciais, como alimentos e moradia, estão muito acima dos níveis de 2019. Essa alta é atribuída a uma série de fatores complexos, que vão desde custos de mão de obra até problemas na cadeia de suprimentos. Embora a recuperação econômica tenha levado a um crescimento dos empregos e a um aumento dos investimentos, os cidadãos ainda sentem que a economia não está atendendo suas necessidades básicas.
Tiesha Blackwell, uma jovem de 24 anos de Detroit, ilustra bem essa realidade. Votante de Joe Biden em 2020, ela agora planeja apoiar o ex-presidente republicano Donald Trump. Blackwell menciona que, apesar de ter um emprego melhor, seu aluguel dobrou desde que foi forçada a se mudar, passando de 575 para 1.100 dólares. “As coisas estão muito, muito altas por aqui”, afirma Blackwell, refletindo o sentimento de muitos eleitores que se sentem pressionados pela inflação.
Uma pesquisa recente da Reuters/Ipsos revela que 61% dos eleitores em sete estados cruciais acreditam que a economia está no caminho errado, e 68% afirmam que o custo de vida está em uma trajetória negativa. Esses números são alarmantes, especialmente em um ano eleitoral, onde a percepção econômica pode influenciar fortemente o resultado das eleições.
Kamala Harris, a candidata democrata, e Donald Trump, por sua vez, apresentam propostas contrastantes. Harris promete controlar os preços e aumentar o crédito fiscal para crianças, enquanto Trump propõe cortes de impostos sobre horas extras e tarifas sobre importações, na tentativa de proteger empregos americanos. No entanto, muitos economistas alertam que as tarifas de Trump podem, na verdade, aumentar os preços de bens e serviços, enquanto o controle de preços de Harris não tem precedentes em nível federal.
Michael Strain, diretor de estudos de política econômica do American Enterprise Institute, expressa a frustração sentida por muitos americanos. Ele destaca que, mesmo tendo uma compreensão mais profunda da economia, ele também se surpreende com o impacto emocional da inflação. “Quando entro em um restaurante e vejo que o preço aumentou significativamente, sinto como se alguém tivesse me dado um soco na cara”, diz Strain, uma analogia que ilustra a dor que muitos consumidores estão enfrentando.
Michigan, um estado que foi fundamental nas últimas eleições, se destaca como um microcosmo das preocupações econômicas que dominam a eleição de 2024. A vice-presidente Kamala Harris fez múltiplas visitas ao estado, buscando apoio em uma região marcada pela perda de empregos no setor automotivo. Apesar do aumento do emprego e do investimento federal em infraestrutura, a taxa de desemprego de Michigan continua sendo um ponto crítico.
Na última semana, Harris se reuniu com eleitores no condado de Oakland, onde a falta de entusiasmo em relação à sua candidatura é palpável. Embora a campanha democrata tenha um número significativamente maior de funcionários em Michigan, as pesquisas indicam que a vantagem de Harris sobre Trump é mínima, sugerindo que as preocupações econômicas ainda são predominantes.
Histórias de eleitores, como Devin Jones, um estudante universitário de Flint, revelam os efeitos diretos da inflação. Ele menciona como seus pais foram forçados a se mudar para uma casa mais barata em Indiana devido ao aumento dos preços. A situação deles é um reflexo de muitos que têm que fazer escolhas difíceis em um ambiente econômico desafiador.
Entretanto, nem todos estão insatisfeitos. Stu Billey, membro da United Auto Workers, vê seu emprego sindicalizado como uma melhoria significativa em sua qualidade de vida, apesar da inflação. Ele expressa apoio a Kamala, mas admite que há menos entusiasmo por sua candidatura em comparação a outros democratas. “Votar e apoiar são coisas diferentes”, conclui Billey, um ponto que muitos eleitores parecem compartilhar.