A Azul (AZUL4), uma das principais companhias aéreas do Brasil, anunciou sua intenção de levantar capital após resolver uma significativa questão financeira com credores. O CEO da empresa, John Rodgerson, destacou que a liquidação de cerca de 3 bilhões de reais em obrigações representa um marco crucial, permitindo que a companhia agora se concentre em expandir suas operações e fortalecer sua estrutura de capital. Este movimento não apenas alivia as preocupações do mercado sobre a carga de dívida da Azul, mas também abre caminho para um novo capítulo na trajetória da empresa.

Na noite de segunda-feira (07), a Azul revelou um acordo com arrendadores de aeronaves e fabricantes de equipamentos que envolve a troca de obrigações de dívida por novas ações da companhia. Este acordo, que abrange 92% das obrigações de emissão de ações existentes, permitirá que a Azul emita até 100 milhões de novas ações preferenciais. Com isso, a empresa espera melhorar sua posição financeira e reduzir a pressão de curto prazo sobre sua liquidez.

John Rodgerson comentou sobre o acordo, afirmando: “Nós tínhamos que resolver este problema primeiro, que já está resolvido, e agora nós podemos levantar capital.” O executivo expressou otimismo sobre o futuro da companhia, enfatizando que a empresa pode agora se concentrar em suas oportunidades de crescimento.

Com a resolução das obrigações financeiras, a Azul planeja captar cerca de 400 milhões de dólares, possivelmente utilizando a Azul Cargo como uma plataforma para levantar dívida conversível no mercado. Rodgerson destacou que a intenção é fortalecer a empresa, assegurando que os novos recursos não serão destinados aos arrendadores. O CEO também mencionou que a companhia está em conversas “amigáveis” com bondholders, indicando que há diversas opções de financiamento disponíveis para a Azul.

Além disso, a companhia aérea aguarda a liberação de recursos de uma linha de crédito aprovada pelo governo, que visa apoiar as companhias aéreas locais durante este período de recuperação econômica.

Após o anúncio do acordo, as ações da Azul tiveram um desempenho positivo, subindo cerca de 13% e alcançando aproximadamente 6,5 reais. Na segunda-feira, as ações estavam cotadas a 5,75 reais, e essa valorização reflete a confiança dos investidores nas novas estratégias da empresa e na melhoria de sua estrutura de capital. Segundo analistas do JPMorgan, a emissão de 100 milhões de ações pode resultar em uma diluição de cerca de 23% para os acionistas, o que estava dentro das expectativas do mercado. 

Guilherme Mendes, analista do JPMorgan, comentou que a decisão de reestruturar a dívida é bem-vinda, pois remove as pressões sobre um potencial pedido de recuperação judicial da companhia. Isso sinaliza um passo significativo para a Azul em sua busca por estabilidade e crescimento.

Apesar dos avanços, a Azul ainda está em negociações com os detentores dos 8% restantes das obrigações de emissão de ações. A conclusão deste processo é fundamental para garantir uma reestruturação completa da dívida e oferecer à companhia a flexibilidade financeira necessária para explorar novas oportunidades de negócio e investimentos.