Pavel Durov, fundador e CEO do Telegram, foi detido no sábado (24) no aeroporto de Le Bourget, nas proximidades de Paris. A detenção resultou em uma investigação formal instaurada na quarta-feira (28). Durov é acusado de cumplicidade na administração de uma plataforma que supostamente facilita transações ilícitas, como a circulação de imagens de abuso sexual infantil e tráfico de drogas. Além dessas acusações, ele é investigado por suposta lavagem de dinheiro e por não cooperar com as autoridades judiciais. A gravidade das acusações reflete a crescente pressão sobre plataformas digitais para que adotem medidas mais rigorosas contra o uso ilegal de suas redes.

David-Olivier Kaminski, advogado de Pavel Durov, qualificou a investigação como “absurda”, argumentando que não é justo responsabilizar o CEO por abusos que ocorrem em sua plataforma. Segundo Kaminski, a responsabilização de um chefe de tecnologia por comportamentos ilícitos de terceiros é um precedente preocupante e inadequado. O advogado destacou que o Telegram está alinhado com as leis europeias e que a plataforma tem tomado medidas para prevenir abusos. 

O Kremlin também se manifestou sobre o caso, criticando o processo judicial francês como uma possível “perseguição política”. Essa intervenção do governo russo sublinha as tensões já existentes entre a Rússia e a França, refletindo o impacto político que a prisão de um importante executivo de tecnologia pode ter nas relações internacionais. A acusação contra Durov não apenas afeta a sua reputação pessoal, mas também pode influenciar as relações diplomáticas entre os dois países.

O Telegram, uma das plataformas de mensagens mais populares globalmente com cerca de 1 bilhão de usuários, reafirmou que Pavel Durov não tem “nada a esconder” e que a empresa está em conformidade com as regulamentações europeias. A situação destaca a crescente dificuldade dos governos em regular e responsabilizar plataformas digitais sobre o uso de suas redes para atividades ilícitas. O caso de Durov é um exemplo de como as questões de conformidade e regulamentação se tornam cada vez mais complexas à medida que as plataformas digitais se tornam parte integral da vida cotidiana.

O Telegram já enfrentou desafios com autoridades em outros países. Em 2023, um tribunal no Brasil ordenou a suspensão temporária do aplicativo até que a empresa fornecesse informações sobre grupos extremistas e neonazistas que operavam na plataforma. Esse episódio ilustra a contínua tensão entre plataformas digitais e as autoridades regulatórias, refletindo uma tendência global de maior escrutínio e exigências de transparência para empresas de tecnologia.