Lula critica gestão da Vale após mineradora anunciar novo CEO
Durante um evento realizado na sede da Telebras, em Brasília, nesta terça-feira (27), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a gestão da Vale (VALE3) e defendeu uma maior participação do Estado na economia, além de se opor às privatizações. O presidente do Brasil visitou o Centro de Operações Espaciais Principal (Cope-P) da Telebras […]

Durante um evento realizado na sede da Telebras, em Brasília, nesta terça-feira (27), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a gestão da Vale (VALE3) e defendeu uma maior participação do Estado na economia, além de se opor às privatizações.
O presidente do Brasil visitou o Centro de Operações Espaciais Principal (Cope-P) da Telebras para participar da assinatura de um contrato entre a Telebras e o Ministério do Trabalho e Emprego, que permitirá a conectividade segura entre as 409 agências do Ministério, com monitoramento contra ciberataques 24 horas por dia.
Na ocasião, Lula destacou que apesar de não ser contra a iniciativa privada, acredita que o Estado deve atuar em parceria com as empresas, sem necessidade de vender o patrimônio nacional.
“Para que serve o Estado? Para que serve o governo? Eu não falo isso contra iniciativa privada. Acho que nós temos de trabalhar juntos com a iniciativa privada, mas trabalhar em parceria. Eu não preciso desmontar o Estado”, afirmou.
Ao longo do seu discurso, o presidente relembrou o prestígio que a Vale já teve no cenário nacional, mencionando que a empresa era motivo de orgulho para o Brasil. “A gente sabia quem era o presidente da Vale”, disse.
Ele também criticou a atual estrutura de governança da companhia, fazendo referência à falta de um controle claro e à dificuldade de identificar responsáveis no processo de indenização pelo rompimento da barragem em Mariana, em 2015.
“Hoje, nessa discussão para receber o dinheiro de Mariana [MG] que prometeram para o povo [indenização pelo rompimento de uma barragem em Mariana, em 2015], você não tem dono. É uma ‘corporation’, um monte de gente com 2%, um monte de gente com 3%, e você não sabe quem é o dono. É importante que essas empresas tenham um nome, tenham o cara, tenham identidade”, declarou.
Lula ainda ironizou a situação, comparando a Vale a um “cachorro de muito dono”, que acaba negligenciado: “Morre de fome ou morre de sede porque todo mundo pensa que colocou água, todo mundo pensa que deu comida e ninguém colocou”.
Novo CEO da Vale
Ontem, o Conselho de Administração da Vale escolheu, por unanimidade, o nome do novo CEO da companhia. O eleito para suceder Eduardo Bartolomeo no cargo é Gustavo Pimenta, atual vice-presidente financeiro da mineradora.
Economista formado pela Universidade Federal de Minas Gerais, Pimenta também foi responsável pelas áreas de Suprimentos e Energia & Descarbonização da empresa.
Antes de ingressar na Vale, acumulou 12 anos de experiência na AES, onde atuou como CFO Global, diretor de Planejamento e Estratégia, e Vice-presidente de Performance e Serviços, além de ter sido Vice-presidente de Estratégia e M&A no Citigroup em Nova York.
Daniel Stieler, presidente do Conselho de Administração da Vale, declarou que a empresa está confiante com a nomeação realizada.
“Estamos muito felizes e confiantes com a escolha de Gustavo Pimenta para liderar a Vale. Ele reúne as competências necessárias para que possamos aspirar um novo ciclo virtuoso para a companhia, orientado por nosso propósito, e com grande potencial de geração de valor a todos os nossos públicos de relacionamento”, disse.
A mineradora comunicou ao mercado a escolha de Gustavo Pimenta como novo CEO na noite da última segunda-feira (26). Eduardo Bartolomeo seguirá na presidência até 31 de dezembro de 2024, apoiando a transição de Pimenta até 28 de fevereiro de 2025, e posteriormente atuará como advisor até o final do ano.
“Estou muito otimista com a escolha de Gustavo Pimenta para liderar a Vale. É um profissional com reconhecida competência e compromisso com a Vale […] acredito que a Vale seguirá firme em sua jornada rumo à liderança na mineração sustentável e na criação de valor para todos os stakeholders”, afirmou Bartolomeu.