Nesta segunda-feira (5), o índice Nikkei, um dos principais indicadores do mercado japonês, enfrentou uma queda de mais de 7% logo no início das negociações. O Topix também registrou uma queda acentuada, levando à interrupção das negociações por meio de um circuit breaker. As ações do Mitsubishi UFJ, o maior banco japonês, foram particularmente atingidas, caindo mais de 21%. Os índices Topix e Nikkei 225, que acumulam perdas superiores a 20% nas últimas semanas, enfrentam suas maiores quedas desde os eventos catastróficos de 2011. Esta situação ressalta a grave instabilidade atual no mercado japonês e seu impacto em setores-chave da economia.

A fragilidade do mercado japonês também é exacerbada por dados econômicos fracos provenientes dos Estados Unidos. Na última sexta-feira, os números de empregos não agrícolas dos EUA mostraram um aumento de apenas 114.000 postos de trabalho, um dos mais baixos desde o início da pandemia. Além disso, a taxa de desemprego subiu inesperadamente para 4,3%, o que gerou preocupações sobre uma possível recessão. Esses indicadores negativos contribuíram para uma queda acentuada em Wall Street e nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, influenciando diretamente o mercado japonês e intensificando a volatilidade global.

Outro fator crítico é o aumento recente das taxas de juros pelo Banco do Japão (BoJ), que ocorreu em 31 de julho. Esta medida resultou em uma valorização significativa do iene, afetando negativamente as perspectivas de lucro dos exportadores japoneses. O aumento das taxas de juros também levou muitos investidores a reavaliar suas estratégias, resultando em uma desmontagem de posições de carry trade. No carry trade, investidores tomam empréstimos em moedas com taxas de juros baixas (como o iene) para investir em ativos com rendimentos mais altos. A alta nos juros japoneses tem impactado esses investimentos e contribuído para a pressão adicional sobre o mercado.

Desde o aumento das taxas de juros pelo BoJ, todos os 33 grupos industriais do Japão experimentaram quedas significativas. Embora o aumento das taxas tenha sido inicialmente visto como um possível benefício para setores como seguradoras e bancos, esses segmentos também enfrentam perdas substanciais devido à desaceleração dos mercados acionários globais. A reação negativa reflete a complexidade dos efeitos das mudanças nas políticas monetárias sobre a economia real e os mercados financeiros.

Adicionalmente, investidores estrangeiros venderam um total líquido de ¥1,56 trilhões (equivalente a US$ 10,7 bilhões) em ações e futuros japoneses na semana que terminou em 26 de julho. Essa venda massiva contribuiu para uma queda de mais de 5% no índice Topix durante o período, marcando a maior queda em quatro anos. Esse movimento reflete uma perda de confiança dos investidores internacionais no mercado japonês, exacerbando a instabilidade existente.