O Desenrola Brasil, programa federal criado para a renegociação de dívidas, chega à sua fase final nesta segunda-feira (25). O prazo final foi estendido até domingo (31) e é a última oportunidade para quem deseja tentar chegar a um bom acordo com as instituições financeiras.

Nesta última etapa, após as prorrogações do prazo para os consumidores, apenas as dívidas de pessoas enquadrados na faixa 1 do programa podem ser renegociadas, abrangendo aqueles com renda mensal de até dois salários mínimos ou cadastrados no CadÚnico.

Fora isso, para se qualificar ao programa, o valor original da dívida não deve ultrapassar R$20 mil e precisa ter sido negativada apenas entre janeiro de 2019 e dezembro de 2022. As dívidas podem abranger tanto instituições bancárias, como cartões de crédito e empréstimos, quanto débitos de outros setores, como contas atrasadas de energia, água e comércio.

Até o momento, o Desenrola já beneficiou mais de 12,2 milhões de pessoas, negociando aproximadamente R$37,5 bilhões em dívidas, conforme dados divulgados pelo Ministério da Fazenda.

Como mapear as dívidas?

Antes de buscar a renegociação, especialistas ressaltam a importância de um minucioso mapeamento das finanças, compreendendo todas as dívidas pessoais ou familiares.

Marcela Gaiato Martins, diretora da Recovery – empresa especializada em recuperação de crédito-, destaca que o primeiro passo para quem está endividado é realizar uma “parada estratégica para visualizar todas as dívidas” e responder às seguintes questões:

  • Quais são as dívidas existentes?
  • Quais são as empresas que se deve?
  • Quais são as taxas de juros de cada uma dessas dívidas?

Com esses pontos definidos, é preciso listar quais são as dívidas mais e menos urgentes.  Segundo Marcela, “se a dívida do cartão está com juros maior do que a dívida do financiamento de veículo, então eu vou priorizar negociar essa primeiro. O primeiro passo é ter clareza de todas as suas dívidas”, diz. 

Entenda o que cabe no orçamento

Com todas as dívidas mapeadas, o próximo passo é compreender quais valores se encaixam no orçamento pessoal ou familiar.

Marcela ressalta que o programa oferece descontos significativos para pagamentos à vista, muitas vezes ultrapassando 90%. Por exemplo, uma dívida de R$10 mil pode ser liquidada por R$1 mil. No entanto, se o pagamento integral não for viável, é preferível optar pelo parcelamento, evitando assim contrair novas dívidas para saldar a anterior.

No caso do parcelamento, é crucial examinar minuciosamente todas as receitas e despesas mensais para determinar o valor das parcelas que caberão no orçamento. Dessa forma, a pessoa poderá cumprir o compromisso financeiro sem incorrer em novos endividamentos.

O especialista em educação financeira da Creditas, Guilherme Casagrande, acrescenta que é preciso ter muita atenção na hora de resolver as dívidas, pois é comum que as pessoas, com pressa, não considerem cuidadosamente o valor que realmente podem destinar ao pagamento mensal. Como resultado, pouco tempo após a renegociação, acabam se endividando novamente.

Confira todas as opções de renegociação

Uma vez determinadas as dívidas prioritárias e os valores destinados ao pagamento, Marcela, da Recovery, destaca a importância de explorar todas as opções de renegociação disponíveis.

Na plataforma do Desenrola, por exemplo, as opções de pagamento já são apresentadas e é fundamental avaliar qual delas oferece o melhor custo-benefício.

Já Casagrande, por sua vez, explica que, nesse contexto, o custo-benefício envolve encontrar a menor parcela com a menor taxa de juros possível. Geralmente, isso significa que, quanto menor a parcela, maior é a taxa de juros, resultando em um tempo total de pagamento mais longo e um custo efetivo maior da dívida. Logo, é essencial encontrar um equilíbrio entre o valor máximo que se pode pagar e os juros (e o tempo) associados a isso.

Além disso, Marcela ressalta que o cliente pode ser transparente com o banco ou outra instituição financeira, informando claramente quanto pode pagar e qual sua situação atual. Para o banco, é mais vantajoso receber a dívida, mesmo com desconto, do que não receber nada.

Como acessar o programa Desenrola

O primeiro passo é acessar a plataforma do Desenrola é criar uma conta gov.br, seja ela no nível ouro, prata ou bronze. 

Com o login criado, todos os usuários podem visualizar as ofertas de negociação e parcelar o pagamento, se optarem por não pagar à vista.

Também é possível acessar as ofertas pelos canais parceiros do governo federal, como o Serasa e as agências dos Correios pelo país. Os atendimentos, neste caso, são até o dia 28 de março.