A Bolsa de Valores brasileira (B3) revelou um conjunto de três novos produtos que permitirão aos investidores negociar grandes lotes de ações separadamente do livro central de ofertas. Esses produtos entrarão em operação a partir de 27 de novembro.

Essa iniciativa segue as mudanças regulatórias anunciadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no ano anterior, que possibilitaram a negociação de grandes lotes de ações em um ambiente paralelo. Na segunda-feira, a CVM divulgou a primeira lista oficial de 946 ativos que se enquadram nesse modelo, a ser atualizada a cada quatro meses.

A definição de “grande lote” varia de acordo com o ativo e seu volume diário de negócios. Por exemplo, para Petrobras e Vale, as ações de maior liquidez da bolsa, grandes lotes representam operações de no mínimo 8,5 milhões de reais em ações, neste primeiro momento.

A negociação de grandes lotes de ações normalmente envolve investidores de grande porte, como gestoras de ativos. Até agora, essas operações poderiam ser realizadas por meio de leilões públicos ou ofertas diretas entre compradores e vendedores, com base nos preços do livro central.

Segundo Marcos Skistymas, diretor de produtos listados da B3, as novas opções oferecidas pela empresa visam aprimorar a eficiência do mercado, fornecendo confidencialidade nas negociações e melhor formação de preço.

Os três produtos anunciados pela B3 para negociação de grandes lotes de ações

  • “Midpoint Order Book”: Permitirá a negociação de grandes lotes de ações a um preço médio entre as melhores ofertas de compra e venda do livro central, adequando-se a ativos de alta liquidez.
  • “Book of Block Trade (BBT)”: Funcionará como um livro de ofertas paralelo exclusivo para grandes lotes, não visível a todo o mercado, com a possibilidade de negociação com ágio ou deságio em relação ao livro central.
  • “Request for Quote”: Permitirá que os investidores solicitem cotações de preço aos agentes de mercado em transações com restrição de tempo e ativos de menor liquidez, com o objetivo de obter o melhor preço oferecido.

Atualmente, apenas a B3 tem autorização da CVM para oferecer produtos que permitem a negociação paralela de grandes lotes. Outras empresas, como o Itaú BBA e o BTG Pactual, anunciaram sistemas próprios para negociação de grandes lotes em 2022, mas essas ferramentas são consideradas serviços de busca de contrapartes e não requerem a aprovação regulatória da CVM.

A B3 está se posicionando para fornecer valor adicional aos clientes, aproveitando as oportunidades criadas pela nova regulamentação. A CVM estima que aproximadamente 10% do volume da bolsa seja elegível para negociação nesse modelo, enquanto a B3 prevê cerca de 20%. No entanto, a quantificação exata ainda é incerta, já que parte dos grandes lotes é subdividida pelos investidores em negociações menores para não revelar intenções ou afetar menos os preços.