O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) revelou nesta terça-feira (22) durante o programa “Conversa com o Presidente”, transmitido pelas redes sociais e produzido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que o governo brasileiro está considerando a utilização do yuan chinês como moeda para transações comerciais com a Argentina. A iniciativa visa oferecer apoio ao país vizinho, que enfrenta uma grave crise financeira.

O anúncio foi feito enquanto Lula se encontrava em viagem oficial à África do Sul, onde participava de um encontro do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). O presidente destacou a importância de encontrar alternativas ao dólar norte-americano, que é atualmente a moeda de referência nas operações comerciais internacionais.

No centro das discussões está a busca por maneiras de auxiliar a Argentina e garantir o pagamento das exportações de empresas brasileiras para o país vizinho. O presidente Lula revelou que o Ministro da Fazenda, Haddad, estava em conversas com autoridades argentinas e enfatizou que a adoção do yuan chinês como moeda de transação poderia ser uma solução viável.

A Argentina, principal parceiro comercial do Brasil na América do Sul e governada por Alberto Fernández, enfrenta desafios econômicos, incluindo alta inflação e dificuldades em manter reservas em dólar. Lula argumentou que a utilização do yuan chinês poderia ajudar a mitigar esses problemas, permitindo transações mais fluidas e eficientes entre os países.

Lula também reforçou sua defesa pela criação de uma moeda sul-americana que pudesse servir como base para o comércio regional, sem que o Brasil precisasse abandonar o Real. Ele salientou que a dependência excessiva do dólar norte-americano é insustentável e destacou a importância de diversificar as moedas utilizadas nas transações internacionais.

A China tem buscado estabelecer acordos bilaterais com diversos países para promover o uso do yuan em transações comerciais. Em abril deste ano, o governo argentino anunciou a adoção do yuan como moeda para pagamentos de importações provenientes da China. 

Além disso, em março, o Banco Central brasileiro informou ter assinado um memorando de entendimentos com o Banco Central da China (PBC) visando a criação de um instrumento financeiro que permitisse operações comerciais entre os países em moeda chinesa, convertidas em reais de forma mais eficiente, sem a necessidade do dólar como intermediário.