Em uma reviravolta para as ações da Usiminas (USIM5), o Itaú BBA alterou sua recomendação de “underperform” (desempenho abaixo da média) para “outperform” (desempenho acima da média). A mudança vem após um período de reavaliação, no qual a instituição financeira agora acredita que a siderúrgica tem um panorama mais favorável, especialmente em relação à operação e a dinâmica dos preços do aço. Essa atualização é uma boa notícia para os investidores, pois, com o novo preço-alvo de R$ 8,50, as ações da Usiminas apresentam um potencial de alta de 41%, comparado ao preço de fechamento de R$ 6,04 observado na última terça-feira (18).

Alteração de recomendação e novo preço-alvo

O Itaú BBA reviu suas projeções para a Usiminas, promovendo um aumento significativo na recomendação de suas ações. Com base na melhoria do desempenho operacional e nas perspectivas de custos favoráveis, o banco elevou a meta para as ações da Usiminas, ajustando seu preço-alvo de R$ 7 para R$ 8,50. Este ajuste representa um potencial de valorização de 41%, caso o preço das ações atinja a meta estipulada.

Em resposta à revisão do banco, as ações da Usiminas subiram 1,99%, alcançando R$ 6,16 no fechamento da quarta-feira (19). Para os analistas do Itaú BBA, o aumento do preço-alvo reflete uma visão mais otimista sobre a siderúrgica, motivada principalmente por fatores como o aumento nos preços do aço e uma perspectiva mais favorável para os custos com a recente valorização do real.

Momento operacional melhorado

O Itaú BBA destaca que o momento operacional da Usiminas melhorou significativamente nos últimos meses. A empresa implementou aumentos de preços e há uma expectativa positiva em relação aos custos, impulsionados pela recente valorização da moeda brasileira. As estimativas para 2025 são positivas, com o banco prevendo um EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 3,0 bilhões, o que representa um crescimento de 31% em relação à projeção anterior.

Para o segmento de aço, o Itaú BBA projeta um aumento impressionante de 121% no EBITDA, o que resultará em uma margem de EBITDA de 10%. Já para a divisão de mineração da Usiminas, os analistas esperam um crescimento de 15% no EBITDA, impulsionado por um real mais depreciado e volumes maiores de produção, compensando a queda nos preços do minério de ferro.

Previsões de demanda doméstica de aço e impactos do cenário macroeconômico

Embora as perspectivas para a Usiminas sejam otimistas, o Itaú BBA alerta que o crescimento econômico do Brasil será mais modesto em 2025, com um PIB projetado mais baixo e taxas de juros elevadas. Com isso, espera-se uma desaceleração na demanda por aço ao longo do ano, especialmente no segundo semestre. O banco prevê um crescimento de apenas 1% nos embarques domésticos de aço da Usiminas em 2025, o que está abaixo das expectativas iniciais.

Contudo, os analistas do Itaú BBA acreditam que as projeções de preço e volume já estão ajustadas para um cenário mais conservador, levando em consideração a desaceleração da demanda.

Perspectiva favorável para custos

Outro ponto positivo destacado pelo Itaú BBA é a perspectiva favorável para os custos da Usiminas. Os analistas mencionam que os preços de alguns dos principais insumos da siderúrgica, como placas de aço e coque/carvão, caíram consideravelmente nos últimos meses. Além disso, a retomada do Alto-Forno 3 da empresa deve ajudar a melhorar ainda mais a eficiência operacional e reduzir os custos.

Para 2025, o banco adota uma abordagem conservadora, prevendo uma queda de 2% no custo dos produtos vendidos por tonelada (COGS) no primeiro trimestre de 2025, com estabilidade nos custos ao longo do ano. A melhora nos custos será fundamental para que a Usiminas possa lidar com o impacto das flutuações do mercado e com a pressão macroeconômica.

Preços do aço

O Itaú BBA também projeta um cenário positivo para os preços realizados do aço no primeiro semestre de 2025. Isso é esperado devido aos aumentos de preços no setor de distribuição, reajustes contratuais no setor automotivo e a elevação gradual dos preços na indústria em geral. Embora o prêmio doméstico de 30% sobre os produtos importados não seja considerado sustentável a longo prazo, os analistas acreditam que a dinâmica do mercado de aço, ainda apertada, pode ajudar a evitar grandes quedas nos preços no primeiro semestre.

No entanto, o banco prevê uma possível queda nos preços do aço no segundo semestre, à medida que o cenário macroeconômico do Brasil se deteriora. O modelo do Itaú BBA ainda incorpora um aumento médio de 3% nos preços realizados do aço doméstico em 2025, comparado ao ano anterior.

Medidas antidumping

Por fim, o Itaú BBA destaca que a Usiminas pode se beneficiar de uma possível decisão favorável nas investigações de antidumping em andamento no Brasil. O governo está analisando pedidos para produtos como galvanizado, galvalume, chapas grossas e CRC, e qualquer decisão favorável poderia impactar positivamente as vendas domésticas da siderúrgica. O banco estima que cerca de 60-65% das vendas domésticas da Usiminas estão dentro desses produtos analisados, o que pode representar um gatilho positivo para a empresa, caso haja uma decisão favorável.