A equipe de transição do presidente eleito Donald Trump está preparando uma estratégia de sanções voltada para aliviar as tensões no mercado de petróleo, facilitando um acordo diplomático entre a Rússia e a Ucrânia, ao mesmo tempo em que intensifica a pressão sobre o Irã e a Venezuela. O movimento ocorre em meio a um cenário de sanções globais severas, com impactos diretos sobre o mercado de energia mundial e a geopolítica envolvendo potências como os EUA, Rússia, Irã e Venezuela.

Sanções à Rússia

O governo Biden impôs recentemente sanções severas ao comércio de petróleo da Rússia, sendo consideradas as mais disruptivas aplicadas por uma potência ocidental até agora. No entanto, o presidente eleito Donald Trump está explorando uma estratégia alternativa que poderia alterar significativamente o equilíbrio de poder e as relações comerciais entre essas potências. A mudança nas sanções sobre o petróleo russo busca criar um terreno fértil para um possível acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia, ao mesmo tempo em que atende aos interesses de Washington na redução da tensão global e nas disputas comerciais.

Como a estratégia de Trump impacta o mercado global de petróleo?

A decisão sobre como lidar com as sanções à Rússia será crucial para o mercado de petróleo, que já vive um momento volátil. Os futuros do Brent subiram quase US$ 5 por barril após o anúncio das medidas de Biden, e analistas preveem que os preços possam aumentar ainda mais, levando a um aumento no custo do combustível em nível global. Essa reação do mercado traz à tona a importância da abordagem de Trump, que poderá adotar uma de duas estratégias principais.

Uma das opções de sua equipe é buscar uma resolução para o conflito na Ucrânia por meio de medidas de boa-fé, permitindo a redução das sanções e proporcionando benefícios aos produtores de petróleo russos. Isso, acreditam os assessores, poderia facilitar um acordo de paz entre os países envolvidos. Outra possibilidade é aumentar ainda mais as sanções, pressionando o Kremlin a ceder nas negociações, com um enfoque mais agressivo no uso de ferramentas econômicas.

O papel das sanções secundárias e a opção de intervenção

Uma das opções consideradas por Trump envolve o aumento da aplicação de sanções secundárias, afetando diretamente as transportadoras europeias e os compradores asiáticos de petróleo russo, como grandes players da China e da Índia. Essa abordagem poderia intensificar ainda mais a pressão sobre a Rússia, criando um cenário de maior isolamento econômico para o país.

Além disso, existe a possibilidade de o novo governo adotar uma postura mais assertiva, com intervenções no transporte de petróleo, como a realização de operações militares nos pontos de estrangulamento de transporte, incluindo os estreitos dinamarquês e turco. Tais ações poderiam agravar ainda mais a tensão internacional e o impacto sobre a oferta de petróleo no mercado.

O impacto das decisões de Trump na política externa dos EUA

A abordagem de Trump sobre as sanções à Rússia também está intrinsecamente ligada à política externa dos EUA em relação ao Irã e à Venezuela. O presidente eleito tem planos para retomar uma estratégia de “máxima pressão” contra o Irã, com o anúncio de novas sanções sobre a indústria de petróleo iraniana, com uma possível implementação já em fevereiro. A medida visa reduzir ainda mais as exportações de petróleo iraniano, em um movimento de recuperação da estratégia do primeiro mandato de Trump.

Quanto à Venezuela, Trump se mostra inclinado a adotar uma postura mais agressiva, com um foco renovado no governo de Nicolás Maduro, que continua sendo um alvo das sanções dos EUA. No entanto, a presença de empresas como a Chevron no país complica a situação, pois essas empresas americanas mantêm operações no setor de energia venezuelano.