Tarifas de Trump provocam caos em Wall Street e abrem semana com forte tensão nos mercados
As tarifas de importação anunciadas por Donald Trump na semana passada provocaram fortes perdas nos mercados financeiros dos Estados Unidos.

As tarifas de Trump voltaram a ser o centro das atenções dos mercados globais após provocarem perdas bilionárias em Wall Street no fim da semana passada. A repercussão foi imediata: investidores correram para proteger seus portfólios, futuros de índices despencaram e o ambiente de incerteza continua dominando a abertura desta segunda-feira (7).
Queda histórica: perdas de trilhões em apenas dois dias
O anúncio feito na quarta-feira (2) pelo ex-presidente Donald Trump sobre a imposição de novas tarifas de importação gerou um impacto direto e avassalador nas bolsas dos Estados Unidos. Em apenas dois dias, o índice S&P 500 despencou 10,5%, o que equivale a uma perda de cerca de US$ 5 trilhões em valor de mercado. Esse desempenho negativo marca a pior sequência de quedas desde março de 2020, quando a pandemia de Covid-19 afetou profundamente os mercados financeiros.
O efeito dominó se estendeu também ao índice Nasdaq, focado em empresas de tecnologia, e ao Dow Jones, refletindo a sensibilidade dos investidores ao novo cenário de protecionismo comercial. Com isso, o S&P 500 passou a acumular uma baixa superior a 17% em relação ao seu recorde histórico registrado em fevereiro.
Futuro dos índices já antecipa semana desafiadora
A noite de domingo (6) trouxe um novo sinal de alerta. Os contratos futuros dos principais índices de Nova York abriram em forte queda, reforçando que o pessimismo não deve dar trégua tão cedo. Às 21h10 (horário de Brasília), os futuros apresentavam os seguintes resultados:
- Dow Jones: queda de 3,36%
- S&P 500: queda de 3,71%
- Nasdaq: queda de 4,57%
A combinação entre a instabilidade dos mercados e o início da temporada de divulgação dos balanços corporativos do primeiro trimestre torna o cenário ainda mais volátil. De acordo com analistas, a recuperação dos ativos pode até ocorrer em algum momento da semana, mas dificilmente será sustentada a curto prazo.
Reação política: Trump defende tarifas como “revolução econômica”
Diante da pressão dos mercados, Trump recorreu à sua plataforma social, a Truth, para defender sua estratégia. No sábado (5), ele classificou as tarifas como parte de uma “revolução econômica” e pediu que os investidores “segurem firme”.
Já no domingo (6), em entrevista à Reuters, Trump afirmou que não haverá acordo comercial com a China enquanto não for solucionado o que ele considera um desequilíbrio nas relações comerciais entre os dois países. O ex-presidente também declarou que “às vezes é necessário tomar o remédio”, minimizando o impacto negativo no mercado como um efeito colateral temporário.
Analistas veem recuperação incerta, mas não descartam repiques
Apesar do tom alarmante, alguns analistas acreditam que o mercado poderá apresentar um movimento técnico de alta em algum momento dos próximos dias. “Provavelmente veremos um dia de recuperação nesta semana, mas ainda não há sinal de que isso será sustentável”, disse Alex Morris, diretor de investimentos da F/m Investments.
Mark Malek, CIO da Siebert Financial, foi ainda mais categórico: “O mercado em alta está morto. Podemos até ter ganhos pontuais, mas sem fundamento sólido, será difícil mantê-los”.
Governo tenta acalmar o mercado, mas discurso não convence
Para tentar conter o nervosismo, os principais assessores econômicos de Trump participaram de programas de TV no domingo. Scott Bessent, secretário do Tesouro, declarou no programa “Meet the Press”, da NBC News, que não há motivo para temer uma recessão. Segundo ele, a política comercial adotada é apenas um reposicionamento estratégico dos Estados Unidos frente ao cenário internacional.
Ainda assim, o mercado reagiu com ceticismo. A falta de detalhes sobre as medidas, somada à escalada da retórica contra a China, aumenta o risco de um conflito comercial mais amplo, o que pode afetar não apenas os EUA, mas também parceiros comerciais e países emergentes — incluindo o Brasil.