A startup que prometeu criar o maior drone agrícola do mundo, Psyche Aerospace, anunciou o congelamento do desenvolvimento do seu drone Harpia P-71 e demitiu 130 funcionários da divisão de hardware. A decisão, tomada em 2025 após uma análise estratégica, ocorreu devido à necessidade de novos investimentos para viabilizar o projeto. Enquanto isso, a empresa redireciona seus esforços para o desenvolvimento de software e inteligência artificial focados no agronegócio.

Leia também: Quanto renderia o salário de Carlo Ancelotti se fosse investido?

Congelamento do projeto e demissões na divisão de hardware

A Psyche Aerospace, incubada em 2022 no Parque de Inovação Tecnológica (PIT) de São José dos Campos, viu seu ambicioso projeto do Harpia P-71 ser suspenso. O drone, que prometia revolucionar o agronegócio com tecnologia de ponta, teve seu desenvolvimento físico congelado, resultando na demissão de 130 funcionários diretamente ligados à fabricação de motores, componentes eletrônicos e mecânicos.

Gabriel Leal, CEO da empresa, explicou que a decisão foi fruto de uma “cuidadosa análise estratégica”. Segundo ele, o avanço do drone exigiria um aporte de capital significativo e mais tempo para maturação do hardware, que a Psyche não poderia garantir no momento. “O projeto do Harpia P-71 e outros de hardware estão congelados, mas não descartados. A retomada depende da conjuntura de mercado e do alinhamento de investimentos”, afirmou Leal.

Foco no software e na inteligência artificial para o agronegócio

Apesar da paralisação do hardware, a Psyche Aerospace mantém 30 colaboradores dedicados à divisão de software e inteligência artificial. O foco está no produto Turing, plataforma que visa otimizar processos agrícolas por meio da tecnologia.

“O futuro do agronegócio está na inteligência artificial, que possibilita insights precisos e automação dos processos. Estamos investindo massivamente para fortalecer nosso portfólio de software, que acreditamos ser a chave para transformar o setor”, explicou o CEO.

Esse reposicionamento reforça a tendência do mercado, onde o desenvolvimento tecnológico do campo passa cada vez mais pela análise de dados, Internet das Coisas (IoT) e automação, em vez do simples investimento em hardware.

Investimentos captados e os desafios financeiros

Em 2024, a startup captou US$ 2,9 milhões em investimentos para desenvolver o drone, conforme o relatório Startup Ecosystem Index 2025. Contudo, apesar do capital inicial, os custos e a complexidade para levar o Harpia P-71 ao estágio de produção em larga escala mostraram-se maiores do que o previsto.

A Psyche planejava iniciar a produção em abril de 2025, mas o projeto não avançou para essa fase. O CEO Gabriel Leal ressalta que a continuidade do projeto demandaria novos aportes, que levariam tempo para serem concretizados, além de recursos substanciais para garantir a excelência esperada.

Não há, até o momento, uma data definida para o retorno dos trabalhos no drone agrícola, que aguarda condições de mercado e investimento mais favoráveis.

Histórico e características do drone Harpia P-71

O Harpia P-71 foi idealizado para ser o maior drone agrícola do mundo, com tecnologia híbrida de motor a etanol e baterias, capacidade para pulverizar 40 hectares por hora e autonomia de 10 horas de voo. O projeto também contemplava o transporte de até 400 quilos de defensivos agrícolas em operação autônoma.

Inspirado no design do avião de reconhecimento militar Black Bird, o drone media 4,5 metros de comprimento e 8 metros de envergadura, pesando cerca de 280 quilos. Sua estrutura utilizava materiais como fibra de vidro e fibra de carbono para garantir resistência e leveza.

Testes de voo foram realizados em cidades como São José dos Campos, Caçapava e Campo Verde (MT), com resultados considerados promissores pela equipe da Psyche. Ainda assim, a empresa ressaltava a necessidade de etapas adicionais de testes e aperfeiçoamento.

Sede, incubação e status atual da empresa

Embora tenha sido incubada no Parque de Inovação Tecnológica de São José dos Campos até janeiro de 2025, a Psyche Aerospace não está mais vinculada ao hub desde então. Atualmente, a startup opera em um escritório em Campinas, focando suas operações em software e inteligência artificial para o setor agrícola.