Setor de apostas esportivas movimenta R$ 63 bilhões em 2024
Em debate sobre o mercado de apostas, o Senador Carlos Portinho afirma que “aposta não é investimento”. Especialistas discutem regulamentação, impactos sociais e perfil do apostador no Brasil
O mercado de apostas esportivas e jogos online foi tema do painel “Aposta Certa: O mercado de Bets em Debate”, realizado nesta sexta-feira (14), no Smart Summit 2025, reunindo Carlos Portinho, Senador do Rio de Janeiro, Henrique Carvalho, Diretor de Negócios da InvestSmart, e Rafael Figueiredo (Rafi), Estrategista de Ações da XP Investimentos.
Durante o debate, Portinho foi categórico: “Aposta não é investimento”. O senador destacou que, diferentemente do mercado financeiro, as apostas não têm previsibilidade e estudos profissionais de probabilidades. “Nos investimentos, há acompanhamento profissional e suitability para entender o perfil do investidor. Nas apostas, não”, frisou.
Os dados apresentados refletem a dimensão do setor: mais de 15% da população acima de 16 anos já fez ou faz apostas. Em 2024, as perdas em apostas somaram R$ 23 bilhões, com movimentação positiva de R$ 63 bilhões e negativa de R$ 40 bilhões. O setor já responde por 1% do PIB em 2023 e deve atingir 2% em 2024. Atualmente, 37 casas de apostas estão reguladas no Brasil.
Portinho, relator do Marco Legal das Startups, relembrou que as apostas esportivas e os jogos de cassino online foram aprovados, mas os cassinos físicos ainda aguardam regulamentação. Ele ressaltou que todos os setores da economia já foram impactados pelas apostas, citando Las Vegas e o Uruguai como exemplos de mercados desenvolvidos.
Perfil do apostador no Brasil
O perfil do apostador também foi discutido: 75% está concentrado nas classes C, D e E, que tendem a ter menor educação financeira. Um dado alarmante levantado no painel foi que, em setembro de 2024, parte do volume de apostas veio de beneficiários do Bolsa Família, envolvendo cerca de R$ 3 milhões.
Sobre essa questão, Portinho adotou uma visão liberal. “Após o pagamento do Bolsa Família, as pessoas têm liberdade para usar o recurso como quiserem, mesmo que o objetivo seja alimentação e qualidade de vida”, disse. Contudo, ele reforçou a necessidade de regulamentação, defendendo identificação facial para apostadores, como parte de sua proposta de emenda para fiscalização.
