A Ser Educacional despenca após o 3T25 mostrar números abaixo do esperado e provocar uma forte reação no mercado financeiro. As ações da companhia (SEER3) recuaram quase 17% na última segunda-feira (17), depois que o balanço trimestral levantou dúvidas sobre a capacidade da empresa de acelerar seu crescimento no curto prazo. Embora a geração de caixa e o lucro ajustado tenham surpreendido positivamente parte dos analistas, o resultado operacional ficou aquém do que grandes casas de análise projetavam, especialmente nos pilares de captação, tíquete médio e inadimplência.

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O mercado reagiu de forma imediata aos números apresentados. Na B3, a Ser Educacional despenca após o 3T25, fechando o pregão a R$ 8,57, uma queda de 16,96% no dia. O tombo ocorreu depois de investidores avaliarem que os indicadores operacionais-chave do trimestre não trouxeram sinais concretos de melhora.

A empresa viu sua captação presencial cair, registrou avanço modesto no tíquete médio dos cursos de medicina e uma retração no tíquete de cursos híbridos. A inadimplência também aumentou, sinalizando um ambiente de maior pressão para a companhia.

As principais casas de análise disponibilizaram relatórios imediatamente após a divulgação dos resultados, e o consenso foi claro: o balanço trouxe pontos positivos em caixa e lucro, mas os indicadores que sustentam o crescimento estrutural da empresa decepcionaram.

Mesmo entre bancos que recomendaram cautela, como o Itaú BBA e o Santander, a tônica foi de neutralidade. Já o JPMorgan adotou visão mais otimista sobre o potencial da companhia, apesar das fragilidades operacionais.

JPMorgan vê pressão na captação, mas destaca geração de caixa

O JPMorgan publicou um dos relatórios mais detalhados. Segundo o banco, a receita da Ser Educacional veio 5% abaixo das suas projeções e 1% inferior ao consenso. O Ebitda ajustado ficou ainda mais distante: 9% abaixo das estimativas internas e 6% inferior ao que o mercado esperava.

Os analistas destacaram que a captação presencial caiu 8% na comparação anual, justamente em um momento em que a empresa tenta elevar o tíquete médio oferecendo cursos mais valorizados no mercado. Isso gerou pressão sobre o volume de matrículas e reforçou a leitura de que a empresa enfrenta dificuldades para converter demanda em crescimento rentável.

No tíquete médio, houve avanço tímido na medicina e queda de 3,8% no ensino híbrido sem medicina. A inadimplência subiu e alcançou 9,8% da receita total.

Ainda assim, o banco elogiou dois pontos:

  • a geração de caixa de R$ 71 milhões;
  • o lucro ajustado de R$ 24,2 milhões, 24% acima do consenso.

A recomendação overweight foi mantida, com preço-alvo de R$ 10,35.

Itaú BBA aponta queda de captação e rentabilidade moderada

O Itaú BBA fez uma leitura neutra do resultado. Para os analistas, o 3T25 mostrou que a empresa enfrenta desafios tanto no ensino híbrido quanto no digital, com queda na captação de novos alunos. O EAD teve pequeno avanço no tíquete, mas insuficiente para compensar outros recuos.

O banco também observou que a receita cresceu apoiada no ensino híbrido, especialmente com a maior presença de cursos da área de saúde e a redução da evasão. No entanto, a rentabilidade veio um pouco abaixo do esperado, ainda que melhor que a de 2024.

A dívida líquida caiu R$ 71 milhões, mas o banco ressalta que concorrentes têm mostrado desempenho superior nesse quesito. O Itaú BBA mantém recomendação neutra e preço-alvo de R$ 12 para 2026.

Santander reconhece avanços, mas reforça pressão no Ebitda

O Santander também classificou o balanço como neutro. A receita avançou 8% no comparativo anual e o ensino híbrido cresceu 10%, impulsionado pelos cursos de saúde. Porém, o Ebitda ajustado ficou abaixo das projeções do banco, e a margem bruta recuou 60 pontos-base devido a maiores gastos com pessoal e serviços terceirizados.

Apesar disso, o lucro ajustado de R$ 24 milhões superou em 13% as expectativas, e a empresa reduziu a dívida líquida em 11% no trimestre. O preço-alvo do Santander é R$ 6.

BTG Pactual adota cautela por riscos legais e baixa alavancagem operacional

O BTG Pactual manteve visão neutra. O banco destacou a necessidade de atenção aos riscos legais envolvendo ativos de medicina, além da alavancagem operacional ainda restrita. Mesmo com alguns avanços, o BTG afirmou que ainda não vê sinais claros de que a empresa conseguirá acelerar seu crescimento de forma sustentada.

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