Trump anuncia intenção de retomar o Canal do Panamá em discurso de posse

Durante seu discurso de posse, Donald Trump anunciou que os Estados Unidos retomariam o controle do Canal do Panamá, alegando que o tratado de 1977, que transferiu a administração para o Panamá, foi violado.

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20 de jan, 2025 às 17:30
Trump anuncia intenção de retomar o Canal do Panamá em discurso de posse Trump anuncia intenção de retomar o Canal do Panamá em discurso de posse

Nesta segunda-feira (20), durante seu discurso de posse, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez uma afirmação contundente: os Estados Unidos irão retomar o Canal do Panamá. A declaração gerou repercussão imediata, embora o presidente não tenha fornecido detalhes sobre como ou quando isso acontecerá. Trump destacou que o acordo original, firmado entre os EUA e o Panamá, foi violado, o que levou à decisão de sua gestão em buscar retomar o controle da via navegável que foi transferida ao Panamá em 1999.

Trump usou seu discurso no Capitólio para afirmar que o propósito do tratado e o espírito do acordo feito em 1977, conhecido como Tratado Torrijos-Carter, foi “totalmente violado”. O tratado, que previa a transferência gradual do controle do Canal do Panamá para o Panamá, foi um marco na política externa dos EUA e um símbolo de sua influência na América Latina. No entanto, Trump deixou claro que sua visão sobre o tratado foi profundamente modificada pela percepção de que seus termos não foram cumpridos da maneira que ele acreditava que deveriam.

“Estamos tomando esta decisão porque o objetivo do nosso acordo, assim como o espírito do tratado, foi desrespeitado. Por isso, os Estados Unidos retomarão o Canal do Panamá”, afirmou o presidente em sua fala, sem explicar como isso seria implementado. A falta de detalhes sobre a estratégia deixou muitos analistas políticos e especialistas em relações internacionais em alerta, especulando sobre as possíveis implicações dessa ação.

A retomada do Canal do Panamá pelos Estados Unidos seria uma mudança significativa na política externa americana e representaria um desafio ao Panamá e à sua soberania. Desde a transferência do controle do Canal em 1999, após décadas de controle dos EUA, o Panamá tem sido responsável pela administração e operação da via navegável, um dos canais de transporte marítimo mais importantes do mundo.

Essa declaração de Trump reforça sua posição de nacionalismo e “America First”, política que tem sido um dos pilares de sua gestão. No entanto, a questão do Canal do Panamá é um tema delicado, dado que a entrega do canal foi fruto de um processo diplomático importante e foi acompanhada por intensos debates tanto nos Estados Unidos quanto no Panamá.

Especialistas em relações internacionais apontam que essa proposta, se de fato for levada a cabo, poderia causar uma crise diplomática significativa. A comunidade internacional também observou a afirmação de Trump com ceticismo, questionando como ele conseguiria implementar tal ação sem provocar consequências econômicas e políticas adversas.

O Canal do Panamá, uma das obras de engenharia mais notáveis do mundo, tem sido de grande importância para o comércio global, conectando o Oceano Atlântico ao Pacífico. O canal foi construído pelos Estados Unidos no início do século 20, após a renúncia do governo colombiano em ceder terras para a construção. Durante décadas, os EUA mantiveram controle absoluto sobre a administração do Canal, até o tratado de 1977, que começou a transferir o controle para o Panamá. Essa mudança foi vista como uma vitória para a soberania do Panamá, um dos países mais importantes da América Central.

O Tratado Torrijos-Carter de 1977 foi celebrado por seu caráter de cooperação, já que estabeleceu um cronograma para a transferência do controle do Canal. Em 1999, o Panamá assumiu oficialmente o controle completo da via. Desde então, o país tem administrado o canal com apoio da Autoridade do Canal do Panamá (ACP), uma entidade pública independente que gerencia a operação, cobrança de tarifas e manutenção da infraestrutura.

Embora o discurso de Trump tenha sido claro sobre sua intenção de retomar o Canal, não foram fornecidos detalhes sobre como essa ação será realizada. Especula-se que o governo dos EUA poderia buscar uma solução diplomática, talvez por meio de negociações com o Panamá, ou ainda, aplicar pressões econômicas e políticas para reverter a atual administração do Canal. Porém, tal abordagem envolveria desafios legais e diplomáticos significativos, além de potencialmente prejudicar as relações entre os dois países.

A proposta de Trump também levanta questões sobre os custos envolvidos. O Canal do Panamá tem um grande impacto na economia mundial, com bilhões de dólares sendo gerados anualmente por taxas de passagem. Retomar o controle implicaria não apenas mudanças na administração, mas também em como os lucros e as operações seriam geridos.