A queda nos preços dos alimentos se tornou uma notícia positiva para os brasileiros. Dados recentes do IBGE mostram que o IPCA-15 de agosto registrou uma deflação de -0,14%, a primeira taxa negativa desde julho de 2023. Entre os itens que apresentaram redução de preços estão carne bovina, arroz, feijão, frutas e legumes, contribuindo para aliviar a pressão inflacionária e reforçando a tendência de estabilidade nos custos de vida.

O levantamento destaca ainda que, no acumulado do ano, o índice registra alta de 3,26%, enquanto a variação nos últimos 12 meses é de 4,95%, abaixo dos 5,30% registrados nos 12 meses anteriores. Essa combinação de fatores evidencia uma melhora no cenário econômico para o consumidor, especialmente no que se refere aos produtos essenciais da cesta básica.

Alimentos em queda: impactos diretos no bolso do consumidor

O segmento de Alimentação e Bebidas apresentou uma deflação de -0,53%, impactando diretamente o IPCA-15 em -0,12 pontos percentuais. Entre os alimentos que tiveram redução nos últimos meses estão a carne bovina, frutas, legumes, arroz e feijão.

Outros setores também contribuíram para a desaceleração do índice, como Habitação (-1,13%) e Transportes (-0,47%), com impactos de -0,17 p.p. e -0,10 p.p., respectivamente. Essa queda generalizada é uma boa notícia para os consumidores, que podem sentir alívio no orçamento familiar, especialmente em um momento de incertezas econômicas.

A sequência de redução nos preços dos alimentos, observada tanto no IPCA-15 quanto no IPCA, já dura pelo menos três meses consecutivos. Analistas apontam que a deflação de agosto — se confirmada no IPCA oficial — pode se tornar a quinta consecutiva no setor alimentar, refletindo condições climáticas favoráveis, supersafra e fatores sazonais.

Detalhes do IPCA-15 de agosto: análise de Sara Paixão, da InvestSmart

Segundo Sara Paixão, especialista em Macroeconomia da InvestSmart, “O IPCA-15 de agosto caiu 0,14% no comparativo sobre julho, um recuo menos intenso do que os -0,23% esperados pelo mercado. O destaque foi para energia elétrica, que apresentou queda de -4,93%, por conta da incorporação do bônus de Itaipu. Porém, a entrada da bandeira vermelha patamar 2 em agosto limitou o impacto benigno desse item.”

Ela também destacou que “a abertura do índice foi negativa, com um avanço de 0,55% nos serviços subjacentes, um número bem acima dos 0,45% esperados pelo mercado, e o núcleo da inflação avançou 0,24%, levemente acima do consenso de 0,23%. Esse dado vai de encontro aos últimos indicadores mais benignos do IPCA-15 e contribui para a expectativa de que o COPOM possa antecipar o corte de juros no próximo ano. Por isso, as curvas de juros operam em alta após a divulgação.”

Sara Paixão ressalta ainda que “os últimos dados de atividade e crédito apontam para desaceleração da atividade econômica e o câmbio permanece mais apreciado. Por isso, uma revisão nas expectativas sobre o início do corte da Selic precisará de uma avaliação dos próximos dados de inflação e atividade econômica que serão divulgados.”

Fatores que explicam a queda nos preços dos alimentos

Especialistas indicam que a supersafra de determinados produtos agrícolas, aliada à sazonalidade e às boas condições climáticas, foi determinante para a redução nos preços. Essa combinação permitiu aumento da oferta, que, por sua vez, pressiona os preços para baixo.

No caso específico da carne bovina, frutas e legumes, a maior produção e menor demanda exportadora contribuíram para que o mercado interno recebesse mais oferta, ampliando a queda de preços. O arroz e o feijão também seguiram essa tendência, beneficiando diretamente o consumo das famílias brasileiras.

Para quem deseja acompanhar mais indicadores de inflação e mercado, é possível conferir outros levantamentos detalhados do IBGE sobre o comportamento dos preços ao consumidor.

O “tarifaço” americano e o impacto no setor exportador

Apesar da melhora para o consumidor, o setor exportador brasileiro enfrenta desafios. Em agosto de 2025, o governo dos Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, impôs tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, incluindo carne e café. Essas medidas têm caráter político e punitivo, e podem afetar exportadores importantes como JBS, Marfrig e Minerva, que estimam queda de até 5% na receita líquida anual.

Como consequência, os destinos de exportação estão sendo reconfigurados: o México ultrapassou os Estados Unidos como segundo maior importador de carne bovina brasileira em agosto, indicando um realinhamento no comércio internacional. Para o mercado interno, isso significa que parte da produção não exportada pode aumentar a oferta doméstica, reforçando o movimento de queda nos preços dos alimentos.

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