A forte queda do Ibovespa nesta sexta-feira (4) expôs a sensibilidade do mercado brasileiro diante da crescente aversão ao risco no cenário global. O principal índice da Bolsa de Valores brasileira encerrou o dia com recuo de 2,96%, aos 127.256 pontos — a maior baixa diária desde 18 de dezembro do ano passado. A semana terminou com uma desvalorização acumulada de 3,52%, a pior desde dezembro de 2022.

O movimento de venda generalizada foi impulsionado pela escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China, que acendeu alertas em investidores ao redor do mundo e derrubou os principais índices globais.

Ibovespa sofre impacto direto da nova rodada de tarifas

O estopim para a queda do Ibovespa veio com a decisão do governo chinês de impor tarifas adicionais de até 34% sobre produtos norte-americanos. A medida foi uma resposta às novas tarifas anunciadas anteriormente pelo governo dos EUA, elevando as tensões comerciais a um novo patamar.

A incerteza se refletiu nos mercados globais: os índices de Wall Street despencaram mais de 5%, enquanto bolsas europeias registraram o pior desempenho desde a crise sanitária de 2020. No Brasil, o impacto foi imediato e intenso, derrubando ações de peso e aumentando a pressão sobre o câmbio.

O chamado “índice do medo” (VIX), que mede a volatilidade nos mercados dos EUA, avançou mais de 48%. No Brasil, o indicador equivalente saltou mais de 28%, confirmando a escalada da aversão ao risco.

Dólar dispara e bate R$ 5,83 com fuga de capitais

A fuga de investidores de mercados emergentes também se refletiu na cotação do dólar, que fechou com alta expressiva de 3,68%, a R$ 5,836. O salto acentuado indica uma busca por segurança em meio ao aumento da instabilidade global.

Segundo Caio Megale, economista-chefe da XP, ainda não está claro se essa valorização da moeda americana será um movimento pontual ou o início de uma tendência mais duradoura. Ele alerta que, com a piora no cenário internacional, o real tende a permanecer pressionado nas próximas semanas.

Powell reconhece incerteza e riscos econômicos aumentam

Em pronunciamento realizado nesta sexta-feira, o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, afirmou que os novos aumentos tarifários são “significativamente maiores do que o previsto anteriormente” e admitiu que os impactos econômicos também devem ser mais intensos. Ele reforçou que o banco central norte-americano adotará uma postura de cautela, esperando “maior clareza” antes de decidir sobre os próximos passos da política monetária.

O economista Mohamed El-Erian, conselheiro da Allianz, declarou que as chances de uma recessão nos Estados Unidos subiram para 50%. “Ainda não é inevitável, mas é um risco desconfortavelmente alto”, afirmou.

O que esperar da próxima semana nos mercados

Com os mercados ainda digerindo os impactos da disputa entre EUA e China, a próxima semana promete mais volatilidade. No Brasil, serão divulgados os dados de vendas no varejo (quarta-feira) e do setor de serviços (quinta-feira), ambos referentes ao mês anterior. Esses indicadores devem oferecer pistas sobre o ritmo da atividade econômica no segundo trimestre.

Nos Estados Unidos, o foco estará nos dados de inflação. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) sai na quinta-feira, seguido do Índice de Preços ao Produtor (PPI) na sexta-feira. Resultados acima do esperado podem reforçar os temores de inflação persistente, afetando diretamente a estratégia do Fed.

Maiores altas do índice Ibovespa hoje (04)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
CRFB3+10.77%R$ 8,23
KLBN11+0.49%R$ 18,63
BEEF3+0.15%R$ 6,47

Maiores quedas do Ibovespa hoje (04)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
BRAV3-12.92%R$ 18,34
VAMO3-9.92%R$ 4,36
RECV3-8.60%R$ 14,35
MGLU3-8.22%R$ 10,83
IRBR3-7.96%R$ 48,90

Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas

NomeFechamentoVariação em ptsVariação em %
🇧🇷 Bovespa127.256-3.885-2,96%
🇧🇷 USD/BRL5,8487+0,2207+3,92%
🇺🇸 S&P 5005.074,05-322,47-5,98%

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Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.