As Bets (plataformas de apostas online), ligadas à Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), planejam antecipar para 1º de outubro a proibição do uso de cartões de crédito para pagamentos em apostas. Essa decisão surge em meio à crescente preocupação com a inadimplência entre apostadores e responde diretamente a uma nota técnica emitida pelo Banco Central sobre os gastos dos brasileiros no setor de jogos.

A ANJL, em uma reunião realizada na última quarta-feira (25), chegou a um consenso entre as casas de apostas associadas sobre a antecipação dessa norma, que estava prevista para ser implementada apenas em janeiro de 2025, por meio de uma portaria do Ministério da Fazenda. O objetivo principal dessa mudança é proteger os consumidores e o sistema financeiro, evitando que um aumento significativo na inadimplência impacte negativamente o mercado.

A proibição do uso de cartões de crédito visa atender a uma demanda expressa dos setores varejista e bancário. Com as transações realizadas por meio de cartões de crédito, as instituições financeiras têm visto um aumento na preocupação com a capacidade de pagamento dos apostadores. Essa medida tem o potencial de limitar os riscos associados a dívidas crescentes entre os usuários de jogos online.

Com a nova norma, os apostadores só poderão realizar suas apostas através de métodos de pagamento instantâneos, como Pix, TED, cartões de débito ou pré-pagos. Essas alternativas já estão se tornando cada vez mais populares entre os usuários, especialmente com a eficácia e rapidez proporcionadas por essas formas de pagamento.

De acordo com a ANJL, as transações realizadas com cartão de crédito representam apenas 3% do total das movimentações em plataformas de apostas. Essa estatística sugere que a transição para outros métodos de pagamento não deve impactar drasticamente o volume de apostas, já que a maioria dos apostadores já está adaptada a utilizar métodos alternativos, como o Pix.

Um levantamento recente do Banco Central revelou que, neste ano, os brasileiros transferiram cerca de R$ 20 bilhões por mês exclusivamente por meio do Pix para plataformas de apostas e cassinos online. O uso crescente dessa ferramenta de pagamento destaca uma mudança significativa no comportamento dos consumidores, que buscam formas de pagamento rápidas e seguras.

O Pix tem se mostrado uma solução eficiente, permitindo que os usuários realizem transações instantâneas, sem a necessidade de esperar por compensações bancárias tradicionais. Essa facilidade, combinada com a segurança oferecida pelo sistema, faz do Pix uma opção atraente para os apostadores.

A proibição do uso de cartões de crédito para apostas online não é apenas uma medida imediata; ela levanta questões mais amplas sobre a regulamentação do setor de jogos no Brasil. A crescente popularidade das apostas online, acompanhada pelo aumento da preocupação com a proteção do consumidor, sugere que medidas adicionais de regulamentação podem ser necessárias para garantir um ambiente de jogo seguro e responsável.

As casas de apostas e os órgãos reguladores devem trabalhar juntos para desenvolver diretrizes que ajudem a proteger os apostadores e garantir que a indústria permaneça saudável e sustentável. Isso pode incluir campanhas de conscientização sobre o jogo responsável, além de mecanismos que ajudem a detectar e prevenir comportamentos de jogo problemático.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.