O Bank of America (BofA) emitiu um alerta ao mercado de petróleo, sugerindo que os preços do Brent podem cair ainda mais e se estabilizar em torno de US$ 70 por barril. Em uma nota divulgada recentemente, a equipe de commodities do banco aponta que as condições atuais de oferta e demanda no setor favorecem um cenário de baixa, com mais riscos de queda do que de alta.

De acordo com o BofA, a capacidade ociosa da Opep, juntamente com o aumento da produção fora do grupo, são fatores que contribuem para a pressão sobre os preços. Esse contexto, aliado a uma demanda global moderada, pode manter os preços sob controle no próximo ano.

O relatório do BofA destaca a influência da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que tem uma capacidade ociosa estimada em cerca de 6-7% da demanda global. A entidade pode, teoricamente, adicionar até 2 milhões de barris por dia ao mercado, o que tem o potencial de cobrir qualquer interrupção de oferta, incluindo aquelas relacionadas a conflitos geopolíticos no Oriente Médio.

Além disso, a produção fora da Opep também está em ascensão, com uma previsão de aumento de 1,6 milhão de barris por dia. Esse crescimento na oferta pode gerar um excedente de petróleo no mercado, uma vez que o BofA projeta que a demanda global por petróleo deverá crescer apenas 1 milhão de barris por dia em 2024. Esse desequilíbrio potencial entre oferta e demanda coloca ainda mais pressão sobre os preços, limitando qualquer possibilidade de alta significativa.

Com esses fatores em jogo, o preço do Brent deve se manter estável ao redor de US$ 70 por barril, conforme apontado pelo banco. O relatório também menciona que esse valor já estaria precificado pelo mercado, sugerindo que investidores e operadores já preveem essa estabilização no preço.

Enquanto o petróleo enfrenta pressões de queda, o BofA indica uma perspectiva mais positiva para o mercado de gás. A equipe de commodities do banco vê um futuro promissor para empresas ligadas ao gás natural, particularmente aquelas envolvidas na infraestrutura midstream, que se referem às operações de transporte e processamento de gás.

O banco menciona que, embora haja atualmente um excesso de oferta de gás, as perspectivas para o setor são melhores no médio prazo, especialmente com a aceleração esperada na demanda por gás natural liquefeito (GNL) e o crescimento de setores como data centers a partir de 2025. Esses fatores deverão impulsionar o consumo de gás, o que poderá beneficiar empresas do setor.

O BofA prevê que algumas dessas empresas poderão ver um aumento significativo no seu fluxo de caixa livre (FCL) nos próximos anos, com potencial para aumentar dividendos em até 50% até 2027.

Diante dessa visão otimista para o mercado de gás, o Bank of America tem algumas recomendações específicas de compra para investidores. A principal escolha do banco é a Cheniere Energy (NYSE:LNG), empresa que se destaca no setor de GNL e que pode ver seu FCL ultrapassar US$ 20 por ação nos próximos três anos, segundo as projeções do BofA.

Além da Cheniere Energy, o BofA também recomenda outras empresas do setor de energia, incluindo Kinder Morgan (NYSE:KMI), Williams Companies (NYSE:WMB) e Chevron (NYSE:CVX), que têm boas perspectivas de crescimento à medida que o mercado de gás se recupera.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.