O PIB dos EUA cresce 3% no segundo trimestre, superando as previsões de economistas, mas os dados mostram que o avanço foi impulsionado principalmente pelo comércio e pelos estoques, enquanto o consumo dos americanos teve alta moderada. A recuperação econômica ocorre em meio a um cenário de tarifas elevadas e incertezas no comércio exterior, com impactos que podem influenciar o desempenho do país nos próximos meses.

Crescimento do PIB dos EUA supera expectativas, mas dados têm distorções

O Produto Interno Bruto dos Estados Unidos apresentou um crescimento anualizado de 3,0% no segundo trimestre deste ano, segundo dados divulgados pelo Departamento de Comércio. Essa alta ficou acima da expectativa média dos economistas, que apontavam para uma taxa de 2,4%. No entanto, especialistas alertam que o crescimento foi distorcido por componentes voláteis, especialmente comércio e estoques, dificultando uma avaliação mais precisa da saúde econômica real do país.

No primeiro trimestre, a economia americana havia encolhido 0,5%, registrando sua primeira contração em três anos. Esse dado inicial levou a dúvidas sobre a estabilidade da recuperação, mas o avanço de 3% no trimestre seguinte indica uma retomada mais forte, mesmo que parcialmente artificial.

Comércio exterior impacta fortemente o resultado do PIB

Um dos principais fatores que explicam a recuperação mais robusta do PIB dos EUA é a dinâmica do comércio exterior. A política comercial do governo Trump, marcada por tarifas elevadas sobre importações, provocou uma antecipação de compras no primeiro trimestre, aumentando significativamente as importações e, consequentemente, o déficit comercial. No segundo trimestre, essa pressão foi reduzida, o que ajudou a melhorar o saldo comercial e influenciou positivamente o crescimento do PIB.

A corrida para evitar tarifas mais altas fez com que os dados comerciais ficassem distorcidos, dificultando o entendimento da evolução real da economia americana. Além disso, o aumento dos estoques também contribuiu para o crescimento do PIB, mas é um indicador que pode variar bastante de um período para outro.

Consumo dos americanos registra crescimento moderado

Embora o crescimento do PIB tenha sido impulsionado por comércio e estoques, os gastos dos consumidores, que representam a maior parte da economia dos EUA, cresceram de forma mais moderada no segundo trimestre. Economistas e autoridades consideram o consumo privado doméstico como um termômetro mais confiável para medir a saúde econômica, já que reflete diretamente o comportamento das famílias e a demanda interna.

Esse ritmo mais contido do consumo sugere que, apesar da melhora no PIB, a economia americana ainda enfrenta desafios estruturais, como a inflação e o impacto das tarifas sobre os preços de bens importados.

Revisão das projeções e perspectivas para o segundo semestre

Com base nos dados mais recentes, os economistas revisaram para cima suas projeções de crescimento do PIB, que agora podem chegar a até 3,3% no segundo trimestre. No entanto, alertam que o comércio e os estoques são componentes altamente voláteis, e que o crescimento subjacente da economia pode ser mais fraco.

Para o segundo semestre, a expectativa é de uma desaceleração do crescimento econômico, em meio à continuidade da política tarifária elevada e à pressão inflacionária. A taxa tarifária efetiva dos EUA permanece uma das mais altas desde a década de 1930, com cerca de 60% das importações ainda sem acordo que amenize o impacto das tarifas.

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