A economia da Argentina experimentou um crescimento de 3,9% no terceiro trimestre de 2024, na comparação com o trimestre anterior, após registrar três quedas seguidas. Embora esse avanço mostre sinais de recuperação econômica, o país ainda enfrenta um cenário desafiador, com uma contração de 2,1% do PIB em relação ao mesmo período de 2023. O resultado foi divulgado nesta segunda-feira (16) pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), e traz à tona uma série de reflexões sobre a trajetória econômica da nação.

O desempenho econômico no 3T24

O crescimento de 3,9% no Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina no terceiro trimestre deste ano representa uma recuperação após um período de dificuldades econômicas. Esse resultado surge após uma sequência de três trimestres consecutivos de retração, o que faz com que os números recentes se destaquem como um sinal positivo para a economia. Em termos absolutos, a expansão foi impulsionada por diversos componentes da economia, com destaque para as exportações, o consumo privado e o investimento em capital fixo, que indicam uma possível trajetória de recuperação.

No entanto, ao olhar para o desempenho anual, a realidade é um pouco mais complexa. Comparado com o mesmo trimestre do ano passado, o PIB argentino registrou uma contração de 2,1%. Essa queda reflete os desafios estruturais que o país ainda enfrenta, como inflação elevada, instabilidade política e dificuldades fiscais. Além disso, o acumulado do ano de 2024 até o momento mostra uma queda de 3,0% no PIB em relação ao ano anterior, indicando que o crescimento de curto prazo ainda não foi suficiente para reverter a tendência negativa no longo prazo.

Desempenho da demanda

Exportações e consumo

O lado da demanda, no entanto, apresentou dados mais animadores no 3º trimestre de 2024. As exportações argentinas cresceram 3,2% em relação ao trimestre anterior, o que reflete um aumento significativo nas vendas externas, especialmente de produtos agrícolas e commodities. O consumo privado, que é um dos motores mais importantes da economia, também teve um aumento expressivo de 4,6%. Esse aumento pode ser atribuído, em parte, a ajustes salariais e a um pequeno alívio nas restrições cambiais, que facilitaram o acesso aos bens de consumo.

Além disso, a formação bruta de capital fixo – um indicador crucial para medir os investimentos na economia – cresceu 12,0%. Esse aumento nos investimentos sugere uma recuperação gradual da confiança empresarial, apesar das dificuldades fiscais e da alta inflação que caracterizam o ambiente econômico da Argentina.

O papel do consumo público e investimentos

No entanto, nem todos os componentes da demanda mostraram resultados positivos. O consumo público cresceu apenas 0,7%, um aumento modesto diante da necessidade de estímulos fiscais mais robustos para ajudar a economia. Enquanto isso, o investimento em capital fixo, que deveria ser um dos maiores impulsionadores de crescimento econômico a longo prazo, caiu 16,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Essa diminuição pode ser vista como um reflexo de um ambiente econômico instável, que desestimula grandes investimentos no setor privado.