O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) solicitou que geradores termelétricos estejam prontos para despacho durante o período seco e a transição para o período úmido 2024/25. Esta medida reflete uma preocupação crescente com a capacidade de geração de energia no Brasil diante de condições hidrológicas desfavoráveis.

O documento emitido pelo ONS evidencia que as chuvas nas principais bacias hidrográficas do país têm registrado níveis significativamente abaixo da média histórica nos últimos meses. Isso impacta diretamente a capacidade de geração das usinas hidrelétricas, que são a principal fonte de energia na matriz elétrica brasileira. A combinação de baixa precipitação e aumento da demanda energética levanta sérias preocupações sobre a sustentabilidade do fornecimento de energia nos próximos meses.

Aumento da demanda

Em paralelo à queda nas chuvas, a carga de energia tem crescido, especialmente nos horários de pico. Este aumento na demanda é um desafio adicional para o sistema elétrico, já que a necessidade de energia nos horários de maior consumo exige uma resposta rápida do setor. O ONS enfatiza a importância de garantir que as termelétricas estejam prontas para suprir essa necessidade, assegurando a estabilidade do fornecimento elétrico.

Diante desse cenário desafiador, o ONS não apenas solicitou a maximização da disponibilidade de geração térmica, mas também a sinalização antecipada sobre manutenções e eventuais limitações no acesso ao combustível pelas usinas. Essa comunicação é fundamental para evitar “frustrações” no despacho e garantir que o sistema funcione de maneira eficaz em momentos críticos.

Cenário de suprimento das termelétricas ao pedido da ONS

O pedido do ONS indica uma mudança significativa no cenário energético do Brasil. Embora o país esteja entrando no período seco com reservatórios em níveis confortáveis, as projeções hidrológicas são preocupantes. Em um cenário pessimista, julho pode registrar a pior afluência de água nos últimos 94 anos. Assim, a situação atual exige uma atenção redobrada por parte dos operadores e geradores.

Como reflexo da atual situação, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) determinou que as contas de luz do mês de julho terão bandeira tarifária amarela. Esta é a primeira vez desde abril de 2022 que essa bandeira é acionada, o que significa que os consumidores terão que arcar com custos adicionais em suas faturas de energia. Essa mudança é um sinal claro da necessidade de ações imediatas para lidar com as incertezas no fornecimento.

Após anos de chuvas abundantes, o Brasil pode enfrentar um retorno à ativação mais frequente de termelétricas ao longo deste ano. Essa realidade surge em um contexto de descontratação de capacidade instalada, onde contratos de cerca de 10 gigawatts (GW) estão prestes a vencer. Essa situação levanta questões sobre a confiabilidade do sistema elétrico e a capacidade de atender à demanda crescente.

Risco de confiabilidade

A descontratação de termelétricas é uma preocupação significativa para o setor. A perda de capacidade instalada pode comprometer seriamente a confiabilidade do suprimento de energia, especialmente em momentos de alta demanda e baixa oferta hídrica. O ONS e os geradores estão cientes desses riscos e buscam estratégias para garantir a segurança energética do país.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.