A Nomura Holdings Inc. está enfrentando um momento turbulento, após um grave incidente envolvendo um ex-funcionário que, cometeu crimes contra um casal de idosos, levando à adoção de medidas corretivas pela empresa. O CEO Kentaro Okuda, juntamente com outros executivos seniores, decidiu aceitar cortes salariais como uma forma de punição, em resposta à situação que abalou a reputação da instituição financeira. O escândalo ocorreu em Hiroshima, Japão, e resultou em um conjunto de ações corretivas para prevenir futuros episódios de má conduta entre seus funcionários.

O que aconteceu e como a Nomura está respondendo ao escândalo?

Em julho deste ano, um ex-funcionário da Nomura, que atuava na divisão de gestão de patrimônio, foi preso sob acusações de drogar um casal de idosos, roubar dinheiro e atear fogo na casa deles. O casal conseguiu escapar do incêndio, mas a gravidade dos crimes gerou um impacto negativo tanto para as vítimas quanto para a imagem da empresa. Após o ocorrido, o suspeito foi demitido imediatamente e, agora, enfrenta acusações de tentativa de homicídio e roubo.

Em resposta, a Nomura anunciou que o CEO Kentaro Okuda devolverá 30% de seu salário por três meses. Outros nove executivos também terão seus salários reduzidos, como uma forma de demonstrar responsabilidade pela falha no controle e monitoramento dos funcionários. Além disso, Okuda pediu desculpas publicamente pelo ocorrido, destacando a seriedade do incidente e se comprometendo a tomar medidas para evitar que situações semelhantes se repitam no futuro.

Medidas corretivas e prevenção de má conduta

A Nomura, uma das maiores instituições financeiras do Japão, está implementando uma série de ações corretivas para fortalecer seus controles internos. As mudanças incluem a revisão das normas de conduta e a introdução de uma supervisão mais rigorosa sobre as visitas domiciliares dos consultores da empresa aos clientes. Além disso, a empresa promete buscar um feedback mais amplo sobre os funcionários, inclusive de colegas, para detectar eventuais comportamentos inadequados de forma mais eficaz.

A Nomura também revisará seus processos de recrutamento e expandirá os treinamentos sobre ética para seus funcionários, visando garantir que episódios como o de Hiroshima não voltem a ocorrer. A medida mais significativa, porém, foi a alteração nas regras relacionadas às visitas aos clientes em suas residências, com a necessidade de aprovação prévia para que os funcionários possam realizar esse tipo de consulta. Essa mudança busca aumentar a transparência e a segurança no relacionamento com os clientes.

Impacto financeiro e reação dos investidores

Apesar da gravidade do incidente, as ações da Nomura não sofreram grandes perdas após a divulgação do caso. Em vez disso, os papéis da empresa subiram 1,5% no dia do anúncio das medidas corretivas, e as ações já avançaram 47% no ano de 2024, impulsionadas pelo crescimento do mercado financeiro. Isso mostra que, apesar do escândalo, a instituição ainda é vista como forte no setor.

No entanto, a Nomura enfrenta desafios em sua área de gestão de patrimônio. O incidente pode afetar a confiança de clientes, especialmente em um momento em que há um aumento no interesse dos japoneses por investimentos financeiros. Alguns clientes, após as revelações, optaram por transferir seus negócios para concorrentes, embora alguns tenham retornado após as medidas corretivas da empresa.

Histórico recente e desafios para a liderança da Nomura

Este não é o primeiro escândalo que abala a Nomura nos últimos meses. Em outubro, o CEO Okuda também se ofereceu para devolver 20% de seu salário por dois meses após a empresa ser multada por manipulação no mercado de futuros de títulos do governo japonês. Esses dois incidentes colocam Okuda sob pressão, mas ele tem se mostrado firme em suas decisões, afirmando que não considera a possibilidade de pedir demissão.

As ações de Okuda e outros executivos, que optaram por cortes salariais como punição, visam mostrar que a Nomura está comprometida em corrigir seus erros e prevenir novos problemas. No entanto, a reação dos investidores durante um recente fórum de investidores da empresa foi positiva, com muitos acreditando que as medidas adotadas ajudarão a melhorar a imagem da instituição no futuro.

Resposta da Agência de Serviços Financeiros e mudanças nas normas do setor

O escândalo gerou também uma reação da Agência de Serviços Financeiros do Japão, que exigiu que a Nomura investigasse profundamente as causas do incidente e apresentasse ações para evitar a repetição de situações semelhantes. A agência de fiscalização pediu que a empresa reforçasse suas práticas de governança interna e supervisionasse mais de perto as atividades de seus funcionários, principalmente os que lidam com clientes diretamente.