Os preços futuros do minério de ferro caíram na bolsa de Dalian nesta sexta-feira (18), refletindo a fraqueza contínua da economia chinesa e do mercado de aço. A perda semanal chegou a 3,12%, à medida que investidores reagem a dados que indicam um crescimento mais lento do que o esperado. Este cenário revela preocupações persistentes sobre o futuro do setor, o que pode impactar ainda mais a commodity.

Na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE), o contrato de janeiro do minério de ferro, o mais negociado, encerrou o dia com uma queda de 1,55%, sendo cotado a 760,5 iuanes (106,95 dólares) por tonelada. Este desempenho negativo na bolsa reflete um panorama de incerteza que se instalou no mercado, especialmente em relação à demanda por aço e à saúde econômica da China. 

As informações de outras bolsas, como a de Cingapura, também corroboram essa tendência. O minério de ferro de referência para novembro subiu 1,79%, atingindo 101,4 dólares por tonelada, mas acumulou uma queda semanal de 6,2%. Essa volatilidade nos preços evidencia a influência direta dos dados econômicos nas commodities.

O terceiro trimestre de 2023 trouxe à tona um crescimento econômico na China que é o mais lento desde o início do ano. Embora os números de consumo e da produção industrial tenham superado as previsões em setembro, a contínua queda do setor imobiliário permanece um obstáculo significativo. Este setor tem sido uma das principais motivações do crescimento econômico, e sua desaceleração gera preocupações entre os analistas sobre a sustentabilidade do crescimento.

Os analistas do ANZ destacam que “o mercado continua insatisfeito com o foco direcionado para a limpeza de estoques no setor imobiliário”, após uma importante reunião sobre política imobiliária realizada na quinta-feira. A falta de novas medidas de estímulo gerou frustração e uma sensação de incerteza em relação à recuperação econômica.

Outro fator preocupante é a produção de aço bruto na China, que registrou uma queda pelo quarto mês consecutivo. Em setembro, a produção caiu 1,1% em relação a agosto e 6,1% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Este desempenho é um indicativo claro de que a recuperação esperada ainda não se concretizou, desapontando as expectativas do mercado. 

Contudo, alguns analistas notam que o ritmo de declínio na produção diminuiu em relação a agosto, auxiliado pelas medidas de estímulo adotadas pelo governo e pela melhoria na lucratividade das usinas. Isso pode sugerir que, apesar das dificuldades, há esperança de uma leve recuperação no setor de aço.

O Banco Popular da China anunciou, nesta sexta-feira, dois novos esquemas de financiamento e enfatizou a necessidade de uma rápida adoção de políticas financeiras para dar suporte aos mercados de capitais. Essas medidas têm o potencial de impulsionar o sentimento dos investidores, que estão em busca de sinais de uma recuperação econômica.

Entretanto, a crescente dependência de estímulos para sustentar os preços das commodities, incluindo o minério de ferro, pode levar a uma “decepção permanente” entre os investidores, conforme ressaltam analistas. O foco em medidas de curto prazo, em vez de soluções estruturais para os problemas subjacentes, preocupa aqueles que acompanham o mercado.