BTG rebaixa recomendação da Marcopolo (POMO4) para neutra após pico de rentabilidade
Apesar das margens fortes e da contribuição dos ônibus elétricos, fatores como piora do mix de produtos, menor poder de precificação e valorização do real pressionam as perspectivas de crescimento.
Foto: Facebook/Marcopolo
O BTG Pactual rebaixou a recomendação da Marcopolo (POMO4) de compra para neutra nesta segunda-feira (3), após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre. Apesar de apresentar margens fortes e desempenho positivo nos ônibus elétricos, o banco aponta que o trimestre marcou o pico de rentabilidade de 2025, indicando um possível platô no crescimento da fabricante de ônibus. Por volta das 10h30, as ações da Marcopolo lideravam as quedas do Ibovespa, com recuo de 6%, sendo negociadas a R$ 7,38.
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Desempenho do terceiro trimestre e análise do BTG
Segundo o relatório do BTG, o terceiro trimestre de 2025 apresentou margens robustas, com melhora no mix doméstico e contribuição relevante dos ônibus elétricos para a receita. Ainda assim, os analistas Lucas Marquiori, Fernanda Recchia, Samuel Alkmin e Marcel Zambello destacam que a rentabilidade da Marcopolo pode ter atingido seu ponto máximo, sugerindo que o crescimento deve estabilizar entre 2025 e 2026.
“O terceiro trimestre mostrou margens fortes com melhora do mix doméstico e contribuição relevante de ônibus elétricos. Apesar disso, o guidance da administração sugere que o trimestre marcou o pico de rentabilidade de 2025”, ressaltam os analistas do BTG.
A decisão do banco reflete, portanto, uma abordagem mais cautelosa em relação à valorização futura das ações POMO4, mesmo com resultados sólidos no curto prazo.
Principais riscos para a Marcopolo (POMO4)
Entre os fatores que motivaram o corte na recomendação, o BTG destacou riscos que podem pressionar a rentabilidade da Marcopolo:
- Piora do mix de produtos em 2026: a empresa pode vender mais veículos de menor valor agregado e menos modelos premium, o que tende a reduzir as margens.
- Menor poder de precificação no segmento rodoviário: a Marcopolo pode enfrentar dificuldades para repassar aumentos de custos aos clientes, afetando o lucro.
- Apreciação do real: a valorização da moeda brasileira diminui a competitividade das exportações da fabricante.
Além disso, o banco alerta que a ação negocia atualmente 7 vezes o preço sobre lucro para 2026, indicando um espaço limitado para expansão do múltiplo.
Potenciais gatilhos positivos para os papéis
Apesar dos desafios, os analistas do BTG identificam alguns fatores que podem impulsionar a Marcopolo (POMO4):
- Exportações para a Argentina em bom momento, favorecendo o faturamento da empresa;
- Possível pagamento de dividendo extraordinário aos acionistas;
- Novas licenças de micro-ônibus, que podem gerar receitas adicionais.
Esses pontos positivos, contudo, não foram suficientes para sustentar a recomendação de compra, diante das projeções mais conservadoras para 2025 e 2026.
Projeções financeiras atualizadas
O BTG ajustou suas projeções para refletir uma demanda doméstica mais fraca, câmbio mais forte e menor volume do programa Caminho da Escola. As estimativas são:
- Receita: R$ 9,1 bilhões em 2025 e R$ 9,5 bilhões em 2026
- Ebitda ajustado: entre R$ 1,6 bilhão e R$ 1,8 bilhão
- Lucro líquido: R$ 1,3 bilhão em ambos os anos
Com base nesses números, o banco reduziu o preço-alvo das ações de R$ 12 para R$ 10, o que ainda representa um potencial de alta de 26,7% em relação ao fechamento da última sexta-feira (31).
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