O presidente argentino, Javier Milei, cancelou sua viagem à Itália para a cúpula do G-7 na próxima semana e desistiu de uma reunião agendada com o presidente francês, Emmanuel Macron. Essa decisão foi tomada em meio a tensões crescentes no Senado argentino relacionadas ao seu pacote de reformas pró-mercado, conforme informações obtidas de fontes próximas ao presidente.

Mudança no cronograma e pacote de reformas

A decisão de Milei ocorreu em um momento crucial para seu pacote de reformas, que enfrenta oposição significativa no Senado. As reformas propostas, que já foram aprovadas na Câmara dos Deputados em abril, incluem a reintrodução do imposto de renda e a privatização de empresas estatais. No entanto, parlamentares da oposição estão ameaçando remover essas disposições importantes em uma votação iminente. Segundo uma fonte anônima, essas negociações em curso foram o principal motivo para Milei cancelar seu encontro com Macron e sua participação na cúpula do G-7.

Nova data de viagem para Milei e impactos

Milei agora planeja iniciar sua turnê europeia em 21 de junho, para participar de cerimônias de premiação na Espanha e na Alemanha. A alteração no cronograma significa que ele perderá a oportunidade de encontrar-se com importantes líderes globais, incluindo o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, com quem teria seu primeiro encontro desde que assumiu o cargo. Além disso, Milei tinha planos de se encontrar com o Papa Francisco, uma reunião significativa dado o histórico de desentendimentos entre os dois durante a campanha presidencial argentina.

Compromissos na Europa

Apesar do cancelamento dos eventos iniciais, Milei ainda tem compromissos importantes na Europa. Ele retornará a Madri, onde esteve recentemente, para receber um prêmio de um instituto libertário. Em seguida, Milei viajará para Hamburgo, onde será homenageado pela Sociedade Hayek em 22 de junho. Ele também tem agendado um encontro com o chanceler alemão, Olaf Scholz, que pode incluir discussões sobre parcerias econômicas e políticas entre Argentina e Alemanha.

Risco de participação na cúpula da Ucrânia

As novas datas de viagem de Milei também colocam em risco sua participação na cúpula da Ucrânia na Suíça, onde o presidente Volodymyr Zelenskiy planeja apresentar um plano de paz para o conflito em curso contra a Rússia. A presença de Milei nesse evento é vista como uma oportunidade importante para a Argentina fortalecer sua posição diplomática em relação à guerra na Ucrânia.

O pacote de reformas de Milei, composto por dois projetos de lei, foi um dos pilares de sua campanha presidencial. No entanto, enfrentou resistência no Senado, onde os legisladores estão tentando modificar ou retirar partes cruciais das propostas. As reformas visam reduzir a lacuna crônica de gastos do governo argentino, uma medida essencial para estabilizar a economia do país. A reintrodução do imposto de renda e a privatização de empresas estatais são vistas como passos necessários para atingir esse objetivo, mas enfrentam forte oposição política.

Encontro com adversários e o Papa

Além das implicações políticas internas, a viagem de Milei teria incluído encontros diplomáticos de alto nível. Um desses encontros seria com o Papa Francisco, com quem Milei teve desavenças durante a campanha presidencial, mas posteriormente reconciliou-se. Esse encontro era esperado como um gesto de boa vontade e de fortalecimento das relações entre a Argentina e o Vaticano.

A ausência de Milei na cúpula do G-7 e em outros eventos importantes pode ter repercussões significativas tanto nas relações internacionais quanto na política interna argentina. No entanto, sua decisão de priorizar a resolução das questões domésticas reflete a gravidade dos desafios econômicos e políticos que ele enfrenta em seu país.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.