Itália: governo estabelece imposto de 40% sobre lucros dos bancos
Na última segunda-feira (7), a Itália surpreendeu ao anunciar uma nova medida fiscal que impactará os lucros excepcionais dos bancos do país. O governo, liderado pela ministra Giorgia Meloni, da ala de extrema-direita, estabeleceu um imposto único de 40% sobre esses ganhos, com potencial para gerar uma substancial receita anual de até 3 bilhões de […]
Na última segunda-feira (7), a Itália surpreendeu ao anunciar uma nova medida fiscal que impactará os lucros excepcionais dos bancos do país. O governo, liderado pela ministra Giorgia Meloni, da ala de extrema-direita, estabeleceu um imposto único de 40% sobre esses ganhos, com potencial para gerar uma substancial receita anual de até 3 bilhões de euros.
A ação vem em um momento de notável prosperidade nos resultados bancários italianos, impulsionados pelas altas taxas de juros implementadas pelo Banco Central Europeu (BCE) para conter a inflação na zona do euro. Com a taxa principal do continente atualmente situada em 3,75% ao ano, o nível mais alto em mais de duas décadas, o cenário econômico é especialmente propício para os bancos.
A justificativa do governo italiano reside na percepção de que os bancos não têm repassado adequadamente os benefícios do aumento das taxas de juros para seus clientes, que buscam a poupança como meio de obter retornos favoráveis. Um estudo do banco Jefferies evidenciou que, em média, os bancos italianos repassaram apenas 12% do incremento nas taxas de juros para os depositantes, enquanto na zona do euro essa proporção é maior, chegando a 22%.
Matteo Salvini, vice-primeiro-ministro da Itália, enfatizou a magnitude dos lucros bancários ao afirmar que não se trata de quantias meramente milionárias, mas sim bilionárias, como sugerem os resultados financeiros do primeiro semestre. Em uma coletiva de imprensa, ele enfatizou que essa imposição fiscal pode resultar em uma redução da carga tributária e em cortes de impostos, além de viabilizar apoio financeiro para hipotecários de primeiras residências.
A decisão governamental é vista como uma resposta ao que o governo considera um comportamento injusto por parte dos bancos. Fontes do governo informaram à Reuters que a medida pegou até mesmo alguns ministros do gabinete de Giorgia Meloni de surpresa. Como reflexo imediato do anúncio, as ações das instituições financeiras italianas sofreram uma queda acentuada na bolsa de valores, com perdas que atingem até 8%.
Além de impactar significativamente o mercado financeiro italiano, essa notícia reverberou de forma negativa por todo o mercado financeiro europeu. Investidores estão preocupados que outros países adotem medidas semelhantes em um movimento em cadeia. Até o momento, apenas Espanha e Hungria implementaram taxas de natureza comparável.