O mercado financeiro brasileiro enfrentou um dos dias mais turbulentos de 2024 nesta quarta-feira (18). O índice Ibovespa, principal referência da Bolsa de Valores, despencou 3,15%, encerrando aos 120.771,88 pontos, a menor patamar de fechamento nos últimos 6 meses. Simultaneamente, o dólar comercial disparou 2,82%, alcançando um inédito valor nominal de R$ 6,267, impulsionado por incertezas fiscais e tensões internacionais.

O cenário refletiu uma combinação de fatores negativos, desde o enfraquecimento do pacote fiscal do governo brasileiro até ajustes monetários globais, como a recente decisão do Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos. O pessimismo generalizado também foi alimentado por desdobramentos no Congresso Nacional, que alteraram propostas de austeridade e reforçaram a percepção de fragilidade no cumprimento da meta fiscal para 2025.

Mudanças no ajuste fiscal ampliam incertezas

Uma das principais causas do “atropelamento” sofrido pelo Ibovespa foi a aprovação do texto-base do projeto de ajuste fiscal pela Câmara dos Deputados. Embora a iniciativa tivesse como objetivo conter os gastos do governo, as alterações realizadas pelo Congresso desidrataram o pacote, excluindo cortes em emendas parlamentares e permitindo gastos de estatais fora do arcabouço fiscal. Além disso, as modificações flexibilizaram a meta fiscal para o próximo ano, aumentando a desconfiança dos investidores.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu que o governo está “fazendo sua parte” para conter os impactos do desequilíbrio fiscal, mas a declaração não foi suficiente para acalmar o mercado. A indefinição sobre cortes em despesas militares, cuja discussão foi postergada, contribuiu para reforçar a percepção de inércia no enfrentamento do problema.

Impactos da reforma tributária e decisões internacionais

Apesar da aprovação da reforma tributária no Congresso, os mercados não reagiram positivamente. A proposta prevê a substituição de tributos federais por um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) unificado, com a expectativa de reduzir fraudes e inadimplências. Mesmo assim, investidores demonstraram ceticismo em relação à implementação e seus reais impactos na economia.

No cenário internacional, o Federal Reserve anunciou um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, mas indicou uma postura mais cautelosa para futuros ajustes. Segundo Jerome Powell, presidente do Fed, “a partir daqui, teremos mais cuidado com novos cortes”. A projeção de reduções limitadas em 2025 e 2026 frustrou expectativas, levando as bolsas norte-americanas a cair. O Dow Jones acumulou sua décima sessão consecutiva de perdas, um movimento raro.

Setores mais afetados e expectativas para a semana

O pessimismo generalizado atingiu quase todos os setores da Bolsa brasileira. Grandes nomes como Magazine Luiza (MGLU3) e Azul (AZUL4) registraram quedas expressivas, de 10% e 11%, respectivamente. Bancos também foram impactados, com perdas entre 2% e 4%, enquanto Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) recuaram mais de 2% cada.

Com dois dias restantes na semana, o mercado permanece atento a novos desdobramentos, especialmente relacionados às discussões fiscais e à possível divulgação de dados econômicos adicionais. A expectativa é que o governo busque medidas mais concretas para recuperar a confiança dos investidores e estabilizar os ativos.

Exceções que registraram alta

Entre as poucas exceções estiveram Marfrig (MRFG3), com alta de 1,81%, MRV (MRVE3), que subiu 1,54%, e Santos Brasil (STBP3), com leve ganho de 0,54%.

Maiores altas do Ibovespa hoje (18)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
MRFG3+1.56%R$ 16,25
MRVE3+1,54%R$ 5,26
STBP3+0,54R$ 13,13

Maiores quedas do Ibovespa hoje (18)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
AMOB3-20.00%R$ 0,40
CVCB3-17.65%R$ 1,54
AZUL4-11.58%R$ 3,59
VAMO3-10.29%R$ 4,36
MGLU3-9.24%R$ 6,78

Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas

NomeFechamentoVariação em ptsVariação em %
🇧🇷 Bovespa120.772-3.926-3,15%
🇧🇷 USD/BRL6,2797+0,1826+2,99%
🇺🇸 S&P 5005.872,16-178,45-2,95%

Lucas Machado

Redator e psicólogo com mais de 3 anos de experiência na produção de artigos e notícias sobre uma ampla gama de temas. Suas áreas de interesse e expertisse incluem previdência, seguros, direito sucessório e finanças, em geral. Atualmente, faz parte da equipe do Melhor Investimento, abordando uma variedade de tópicos relacionados ao mercado financeiro.