O Ibovespa fecha com baixa de 0,16% nesta terça-feira (15), aos 129.245,39 pontos, após um dia marcado por grande instabilidade nos mercados. O índice oscilou entre leves ganhos e perdas ao longo do pregão, refletindo a tensão gerada por novas movimentações na guerra comercial entre Estados Unidos e China, além de expectativas com dados corporativos e macroeconômicos.

Apesar da queda modesta, o desempenho foi influenciado por pressões significativas das ações da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR4), que terminaram o dia com recuos de 1,01% e 2,30%, respectivamente. Os papéis das gigantes foram impactados por fatores distintos, mas igualmente relevantes: no caso da mineradora, a expectativa de divulgação de dados operacionais abaixo do esperado para o primeiro trimestre; no da petroleira, a retração nos preços internacionais do petróleo.

Tensão comercial pressiona ativos e valoriza o dólar

A deterioração do cenário externo contribuiu para o clima de cautela nos mercados. O governo chinês decidiu suspender a compra de aeronaves da Boeing, em represália às tarifas impostas pela gestão de Donald Trump. O movimento foi interpretado como um agravamento da disputa comercial, gerando impactos imediatos nos mercados globais.

A medida sinaliza que Pequim está disposta a buscar novos parceiros comerciais e reduzir sua dependência de empresas norte-americanas. Segundo o Ministério das Relações Exteriores da China, o país pretende “derrubar muros” e ampliar sua presença global de forma cooperativa.

Com isso, o dólar comercial avançou 0,67%, encerrando cotado a R$ 5,891, após atingir a máxima de R$ 5,904 no dia. A alta refletiu tanto o risco global quanto a busca por proteção diante da incerteza econômica.

Bancos evitam queda mais acentuada do índice

Enquanto os pesos-pesados do índice recuavam, o setor bancário foi essencial para impedir uma retração mais ampla. Itaú Unibanco (ITUB4) subiu 1,27% e Bradesco (BBDC4) teve leve alta de 0,08%. Já o Banco do Brasil (BBAS3) destoou, com queda de 1,07%.

A resistência das instituições financeiras ajudou a sustentar o índice, ainda que de forma limitada. O comportamento dos bancos mostra que, mesmo em dias de aversão ao risco, investidores ainda buscam refúgio em empresas mais resilientes

Embraer avança com oportunidade no setor aéreo

Um dos destaques positivos do dia foi a Embraer (EMBR3), que viu suas ações dispararem 3,06%. A suspensão da Boeing na China abriu espaço para que a fabricante brasileira se torne alternativa viável para companhias aéreas em busca de novos fornecedores.

O cenário beneficia diretamente a Embraer, que já possui histórico de parcerias com países asiáticos e pode ampliar sua presença global caso o impasse entre China e EUA persista. A valorização da empresa também pode interessar aos investidores de longo prazo.

Frigoríficos sobem com expectativa de inspeção americana

Outro setor beneficiado no pregão foram os frigoríficos. Minerva (BEEF3) e BRF (BRFS3) subiram 1,92% e 1,27%, respectivamente, após a informação de que os Estados Unidos planejam realizar inspeções sanitárias em empresas brasileiras. A medida é vista como um passo para possível ampliação das exportações de carne para o mercado americano, fortalecendo a imagem do Brasil como fornecedor estratégico de proteína animal.

Assaí recua após renúncia do CFO e SLCE3 sente impacto da incerteza

Entre os destaques negativos, a ação do Assaí (ASAI3) caiu 2,26% após a renúncia inesperada de seu diretor financeiro (CFO). A saída gerou desconforto entre os investidores, preocupados com possíveis desdobramentos na governança da empresa.

Já a SLC Agrícola (SLCE3) recuou 2,50%, diante de dúvidas do mercado sobre seu papel como possível “porto seguro” em meio ao conflito comercial. Apesar de atuar no agronegócio, analistas apontam que sua exposição ao câmbio e ao mercado chinês pode ser um risco adicional.

Wall Street fecha em queda, mesmo com balanços positivos

Nos Estados Unidos, o dia também foi de instabilidade. As principais bolsas de Wall Street encerraram com baixas moderadas, mesmo após a divulgação de resultados positivos por parte dos grandes bancos. O Citigroup reportou crescimento de 22% no lucro, enquanto o Bank of America teve alta de 10,4% no comparativo anual.

Ainda assim, a instabilidade gerada pela guerra comercial e pela falta de clareza sobre os próximos passos da política monetária americana mantiveram os investidores em modo cauteloso.

Expectativas fiscais melhoram no Brasil

Apesar do clima tenso nos mercados, uma notícia positiva veio do campo fiscal. Segundo o relatório Prisma Fiscal de abril, do Ministério da Fazenda, economistas consultados melhoraram suas projeções para o resultado primário do governo em 2025 e 2026, além de preverem redução da dívida pública bruta nesses mesmos anos. A melhora reflete maior confiança na condução fiscal e pode ajudar a ancorar expectativas.

Maiores altas do índice Ibovespa hoje (15)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
POMO4+7.04%R$ 6,39
RADL3+6.34%R$ 22,80
CCRO3+4.36%R$ 12,46
EMBR3+3.06%R$ 64,65
COGN3+2.62%R$ 2,35

Maiores quedas do Ibovespa hoje (15)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
AZUL4-7.72%R$ 3,11
PCAR3-6.82%R$ 3,69
SMTO3-5.53%R$ 18,95
BRKM5-4.73%R$ 9,86
CSNA3-3.46%R$ 8,65

Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas

NomeFechamentoVariação em ptsVariação em %
🇧🇷 Bovespa129.245-209-0,16%
🇧🇷 USD/BRL5,8849+0,0303+0,52%
🇺🇸 S&P 5005.396,60-9,37-0,17%

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Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.