Com apoio de bancos e da Petrobras, o Ibovespa emendou sua sétima alta seguida nesta terça-feira (29), mesmo em meio à instabilidade nos mercados globais provocada pelos 100 dias do novo mandato de Donald Trump nos Estados Unidos. A valorização foi modesta, mas simbólica: o índice fechou com alta de 0,06%, aos 135.092,99 pontos, em mais um dia marcado por cautela e reavaliações de cenário.

Apesar da forte oscilação intradiária, que levou o índice à máxima de 136.149,74 pontos, o mercado doméstico demonstrou resiliência frente às incertezas externas, em especial relacionadas ao cenário tarifário entre EUA e China, e à política econômica americana.

Petrobras e bancos sustentam ganhos do Ibovespa

A performance do Ibovespa no dia foi sustentada por ações de peso no índice. A Petrobras (PETR4) avançou 0,53%, mesmo com o petróleo em baixa no mercado internacional. Os investidores aguardavam a divulgação do relatório de produção da estatal, o que ajudou a conter o pessimismo global com os preços da commodity.

Entre os bancos, destaque para Itaú Unibanco (ITUB4), com alta de 0,80%, e Bradesco (BBDC4), que subiu 1,12%. O movimento reflete uma melhora na percepção de risco local, especialmente após falas do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que contribuíram para reduzir a expectativa de alta da inflação.

No cenário fiscal, o superávit primário registrado em março e o adiamento no pagamento de precatórios também foram bem recebidos pelo mercado, gerando alívio nas curvas de juros e sustentando o apetite por ações brasileiras.

Dólar recua e juros futuros encerram o dia mistos

A valorização do real frente ao dólar foi outro reflexo da melhora no sentimento local. O dólar comercial encerrou o dia com queda de 0,31%, cotado a R$ 5,631 — após tocar mínima de R$ 5,620. A entrada de fluxo estrangeiro para a Bolsa, combinada com um ambiente doméstico mais previsível, favoreceu o câmbio.

Já os juros futuros fecharam de forma mista, com os vértices curtos acompanhando o alívio inflacionário, enquanto os mais longos ainda refletiram incertezas do cenário externo.

Trump completa 100 dias de mandato em meio a incertezas e tensões comerciais

Enquanto o Brasil exibia sinais de estabilidade, o ambiente internacional era marcado pela tensão. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, completou 100 dias de seu segundo mandato — um período repleto de turbulências políticas e econômicas.

Entre os destaques do dia, o governo americano anunciou um decreto que visa adaptar a indústria automobilística ao novo contexto tarifário. Em paralelo, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, declarou que as tarifas contra a China poderiam provocar a perda de até 10 milhões de empregos no país asiático. Pequim, no entanto, sinalizou que não cederá facilmente à pressão dos EUA.

Esses embates adicionam ainda mais incertezas ao cenário global, impactando diretamente os mercados financeiros — inclusive o Ibovespa, que, mesmo assim, manteve trajetória de alta.

Ações brasileiras em destaque: GPA dispara e Azul afunda

No Ibovespa, o maior destaque positivo do dia foi o GPA (PCAR3), que disparou 8% com investidores atentos às movimentações no Conselho de Administração. A Eletrobras (ELET3) também subiu 0,80%, impulsionada por expectativas em torno de um acordo com a União.

Por outro lado, a Azul (AZUL4) liderou as quedas, desabando 10,77% em mais um dia de forte pressão. A companhia já acumula perdas de 47% no mês de abril e enfrenta questionamentos sobre os impactos da possível fusão com a Gol, que será debatida em audiência no Procon-SP.

Outro papel em queda foi o da Caixa Seguridade (CXSE3), que recuou 4,24% após recomendação de venda por uma grande instituição financeira. Já a Gerdau (GGBR4) perdeu 1,16% após a divulgação de seu balanço do primeiro trimestre de 2025.

Maiores altas do índice Ibovespa hoje (29)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
PCAR3+8.71%R$ 4,62
COGN3+3.93%R$ 2,56
RAIZ4+2.79%R$ 1,84
PRIO3+2.51%R$ 34,66
YDUQ3+1.93%R$ 14,30

Maiores quedas do Ibovespa hoje (29)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
AZUL4-9.74%R$ 1,76
CXSE3-4.24%R$ 16,02
NTCO3-3.92%R$ 9,55
MRVE3-3.47%R$ 5,85
HAPV3-3.28%R$ 2,36

Temporada de balanços nos EUA influencia mercados

Além da política, os mercados acompanharam a temporada de resultados corporativos nos Estados Unidos. Algumas empresas surpreenderam positivamente, como o HSBC, enquanto outras decepcionaram, como a British Petroleum (BP).

A GM reportou lucro acima do esperado, mas optou por cancelar suas projeções futuras devido à instabilidade tarifária. Já a Coca-Cola registrou lucro melhor que o previsto, mas viu a receita abaixo do esperado e revisou para baixo suas estimativas para 2025.

Esses dados reforçaram a volatilidade nas bolsas americanas, que oscilaram ao longo do dia antes de fechar em alta moderada — movimento também observado nos principais índices da Europa.

Último dia de abril trará PIB dos EUA e definição de tendências

Nesta quarta-feira (30), os investidores devem voltar suas atenções para a divulgação do PIB do primeiro trimestre dos Estados Unidos, dado que pode reconfigurar expectativas sobre a economia global e política monetária americana.

Além disso, por ser o último pregão do mês e véspera de feriado no Brasil, o dia deve ser marcado por ajustes de carteira e movimentos de realização de lucros. O Ibovespa, apesar do ambiente incerto, chega à véspera de maio com desempenho positivo e expectativas em alta.

Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas

NomeFechamentoVariação em ptsVariação em %
🇧🇷 Bovespa135.093+77+0,06%
🇧🇷 USD/BRL5,6285-0,0254-0,45%
🇺🇸 S&P 5005.560,79+32,04+0,58%

Gostou deste conteúdo? Siga o Melhor Investimento nas redes sociais: 

Instagram | Linkedin

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.