A Gol Linhas Aéreas (GOLL4) viu suas ações dispararem mais de 11% nesta segunda-feira (02), impulsionadas pela forte expectativa de que a companhia esteja próxima de encerrar oficialmente o processo de recuperação judicial nos Estados Unidos. A movimentação reflete o otimismo dos investidores após a aprovação do plano de reestruturação pelos acionistas e declarações recentes do CEO da controladora, sinalizando que o fim do processo pode ocorrer ainda nesta semana.

Ações da Gol (GOLL4) sobem mais de 11% com perspectiva de recuperação

Às 11h30 desta segunda-feira, os papéis da Gol (GOLL4) subiam 11,56%, sendo negociados a R$ 1,64 na B3. No acumulado de 2024, as ações já registram valorização de 21%. A reação positiva do mercado é diretamente ligada à sinalização de que a companhia aérea brasileira está prestes a sair do processo de recuperação judicial iniciado nos Estados Unidos sob o Chapter 11.

A expectativa foi reforçada por declarações do CEO da Abra Group, holding que controla a Gol, Adrian Neuhauser. Durante um evento realizado nesta segunda-feira em Nova Délhi, o executivo afirmou que a saída da recuperação judicial norte-americana deve ocorrer ainda nesta semana. Segundo ele, a empresa está finalizando os trâmites legais após a aprovação do plano de reestruturação pelos acionistas na última sexta-feira (30).

Plano aprovado por acionistas reforça confiança na retomada

O plano de reestruturação da Gol foi aprovado pelos acionistas em assembleia realizada no dia 30 de maio. Esse passo é essencial para que a companhia consiga avançar nas negociações com credores e formalizar sua saída do processo judicial. O plano prevê a reorganização da estrutura de capital da empresa, a renegociação de dívidas e a potencial emissão de novas ações — fatores que, segundo analistas, podem causar diluição do patrimônio dos atuais acionistas.

Apesar disso, o mercado reagiu positivamente à perspectiva de estabilização das finanças da empresa. A recuperação judicial, iniciada no começo do ano nos Estados Unidos, tinha como objetivo proteger a Gol de cobranças judiciais enquanto reorganizava suas obrigações financeiras e operacionais.

Gol mostra melhora operacional apesar de prejuízo

Embora tenha reportado um prejuízo líquido de R$ 440 milhões no mês de abril, a Gol apresentou indicadores operacionais sólidos que mostram sinais de recuperação da companhia. De acordo com relatório enviado ao juízo da recuperação judicial, a empresa alcançou uma margem EBITDA de 22% no mês — um salto significativo frente aos 9,6% registrados em abril de 2024.

Outro indicador positivo foi o crescimento da receita unitária por assento-quilômetro (RASK), que subiu 6% na comparação anual, refletindo o aumento da taxa de ocupação das aeronaves em 4,3 pontos percentuais. Esses dados operacionais sugerem uma retomada gradual da demanda e uma gestão mais eficiente da capacidade disponível.

Além disso, a posição de caixa da empresa permaneceu estável em R$ 2 bilhões, enquanto a dívida líquida foi mantida em R$ 31 bilhões, refletindo o impacto limitado da volatilidade cambial no período.

Concorrência e cenário setorial favorecem recuperação da Gol

O cenário do setor aéreo nacional também pode beneficiar a Gol em sua nova fase. A recente solicitação de recuperação judicial da Azul, feita em 28 de maio, pode contribuir para um ambiente de preços mais racional no mercado, o que tende a melhorar as margens das companhias. Segundo o Bradesco BBI, a estimativa é de aumento de 4% no RASK do setor em 2025 e de 5% em 2026.

Esse novo contexto competitivo abre espaço para a Gol reconquistar espaço no mercado doméstico, principalmente se conseguir se capitalizar adequadamente após sua saída do Chapter 11. No entanto, o banco ainda mantém recomendação de venda para os papéis GOLL4, com preço-alvo de R$ 0,50 até o fim de 2025, citando riscos de diluição significativa para os acionistas atuais.