Durante a 13ª edição da Expert XP, Gabriel Galípolo, diretor do Banco Central, abordou inicialmente a situação global e apontou potenciais motivos para a acentuada queda dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos nas últimas semanas. Ele destacou a alta demanda por dívida do governo dos EUA devido à recente emissão de títulos, mas também mencionou a retirada de investimentos por parte da China e do Japão.

Quando questionado sobre o otimismo expresso pelos diretores do Banco Central em relação à economia, Galípolo adotou uma abordagem dependente de dados e afirmou que o Banco Central do Brasil continua comprometido em atingir as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). As divergências no Comitê se limitavam à intensidade do primeiro corte na taxa de juros. Em relação aos indicadores mencionados na ata (inflação de serviços, hiato do produto e expectativas de inflação) como fatores para acelerar a mudança de ritmo, ele enfatizou que era difícil prever eventos que poderiam acionar essa aceleração.

Ele usou como exemplo a possibilidade de as expectativas de inflação de longo prazo se desvincularem da meta do CMN antes de uma decisão oficial, enfatizando que não era possível antecipar o impacto que a manutenção da meta teria na ancoragem dessas expectativas. Ele também afirmou que a transição para uma meta contínua é uma melhoria com base na situação global atual.

Galípolo fala sobre cenário fiscal e mercado de trabalho

Em relação à situação fiscal, Galipolo mencionou que o mercado reagiu positivamente à decisão de manter a meta de resultado fiscal equilibrado em 2024 durante as discussões desta semana. Ele explicou que algumas pessoas preferem que as receitas sejam menores, mesmo que isso resulte em um desempenho fiscal mais fraco, a fim de reduzir o impacto dos gastos governamentais.

Quanto ao mercado de trabalho, ele observou que em todo o mundo está ocorrendo um debate sobre a nova dinâmica desse setor, acelerada pela pandemia. Ele também destacou que dados mais robustos de atividade econômica contribuem para a arrecadação, embora tenha ressaltado que esse efeito pode variar de um setor para outro da economia.

Por fim, Galípolo afirmou que é comum haver ruídos e discussões após mudanças na direção do Banco Central. Ele enfatizou que estamos no início do processo de autonomia do Banco Central do Brasil e que a mudança na diretoria não compromete a natureza técnica das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). Ele também ressaltou que o debate político sobre as taxas de juros é algo normal e ocorre em outros lugares do mundo.