A Polícia Federal e o Ministério Público Federal descobriram uma trama intricada de fraudes contábeis na Americanas, envolvendo altos executivos da empresa. Segundo informações obtidas durante investigações, os executivos operavam um grupo secreto no WhatsApp, conhecido como G30, para planejar e discutir suas ações ilícitas. Este grupo, composto por aproximadamente 40 membros, incluía líderes de diferentes áreas da companhia, todos envolvidos nas práticas fraudulentas que abalaram a confiança no conglomerado varejista.

Operação Disclosure: buscas e apreensões em 15 endereços

A Operação Disclosure, deflagrada em resposta às descobertas das autoridades, resultou em buscas e apreensões simultâneas em 15 endereços ligados aos principais suspeitos. Quatorze executivos foram alvos da operação, investigados por uma série de crimes graves, incluindo manipulação de mercado, insider trading, fraude contábil, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Essa ação marca um momento crucial nas investigações, revelando a extensão das práticas ilegais que permearam a gestão da Americanas nos últimos anos.

Miguel Gutierrez: o líder das atividades com fraudes na Americanas

Miguel Gutierrez, então CEO da Americanas, emergiu como o principal arquiteto das atividades fraudulentas. Sua liderança nas manipulações contábeis levou à decretação de sua prisão preventiva no Brasil. Posteriormente, Gutierrez foi detido pela polícia espanhola, após ter seu nome incluído na lista de procurados pela Interpol. Sua influência sobre o grupo G30 foi fundamental para a implementação das estratégias ilegais que agora estão sob intenso escrutínio judicial e público.

Estratégias de encobrimento e a sala blindada

Com o anúncio da saída de Gutierrez e a nomeação de Sergio Rial como novo presidente da Americanas, os executivos implicados intensificaram esforços para encobrir suas ações fraudulentas. Reuniões secretas na “sala blindada” da empresa foram realizadas para discutir estratégias de maquiagem das finanças, na tentativa de esconder as inconsistências contábeis que já somavam bilhões de reais. Essas revelações lançam luz sobre os métodos utilizados pelos envolvidos para evitar a detecção e as consequências legais de suas condutas.

Descoberta das irregularidades e impactos financeiros

As investigações revelaram inicialmente “inconsistências contábeis” que foram estimadas em R$ 20 bilhões. Contudo, esse valor aumentou significativamente para aproximadamente R$ 25,7 bilhões à medida que novas evidências foram sendo analisadas. Diante do escândalo, a Americanas viu-se obrigada a solicitar recuperação judicial e negociar um acordo de injeção de capital com seus principais acionistas. Essas medidas visam estabilizar a empresa em meio ao caos financeiro provocado pelas práticas fraudulentas de seus ex-dirigentes.