A Eletrobras (ELET3) está em uma trajetória de transformação financeira que pode torná-la uma das maiores pagadoras de dividendos do setor elétrico nos próximos anos. Com uma robusta posição de caixa, que já ultrapassa os R$ 30 bilhões, e a perspectiva de reduzir dívidas onerosas, analistas do mercado financeiro destacam que a empresa poderá distribuir dividendos mais elevados do que o inicialmente previsto, e até antecipar o pagamento de suas obrigações. Com o governo federal e a empresa se aproximando de um acordo sobre direitos de voto, as expectativas para os acionistas são promissoras, e os especialistas projetam uma mudança significativa no perfil da companhia.

Recentemente, analistas de mercado, incluindo grandes bancos como Itaú BBA e BTG Pactual, destacaram que a Eletrobras possui um fluxo de caixa sólido e está bem posicionada para se tornar uma das empresas mais generosas na distribuição de dividendos do setor elétrico. A empresa está negociando um momento de transição financeira, onde as negociações com o governo federal sobre direitos de voto e o futuro do controle da companhia deverão impactar positivamente suas finanças e, consequentemente, os pagamentos aos acionistas.

Com a remoção de um pagamento antecipado de fundos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) das negociações com o governo, a Eletrobras agora tem mais espaço para distribuir dividendos de forma mais agressiva, sem comprometer sua solidez financeira. Além disso, a companhia possui uma posição de caixa robusta, com cerca de R$ 30 bilhões disponíveis, o que coloca a empresa em uma posição estratégica para a antecipação de dívidas onerosas e a reintegração de valores em seu fluxo de caixa.

Expectativa de alta nos dividendos

A expectativa de que a Eletrobras se torne uma grande pagadora de dividendos é fortalecida por suas projeções financeiras. Segundo o Itaú BBA, a empresa pode atingir um rendimento de dividendos superior a 9% a partir de 2026, assumindo um pagamento de 100% dos lucros. Esse cenário é impulsionado pela baixa alavancagem da companhia, que no terceiro trimestre de 2024 registrou uma alavancagem de apenas 1,7 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), o que indica uma gestão financeira eficiente e controlada.

Esse potencial de dividendos elevados também se reflete em uma mudança nas expectativas sobre as ações da Eletrobras. O Itaú BBA observou que, com uma taxa interna de retorno (TIR) implícita de 14,8%, as ações da Eletrobras atualmente oferecem uma rentabilidade bem superior à média do setor, o que pode atrair investidores interessados em obter retornos mais altos. Além disso, a empresa deve continuar se beneficiando de uma estrutura fiscal favorável, incluindo a possibilidade de pagar Juros sobre o Capital Próprio (JCP) assim que seus pagamentos compulsórios forem concluídos.

Fatores fiscais e redução de impostos

O Itaú BBA também apontou que a Eletrobras Holding, por meio de sua controlada Furnas, poderá se beneficiar de um regime fiscal vantajoso, com a possibilidade de pagar quase zero de impostos nos próximos anos. Isso ocorrerá devido a deduções fiscais relacionadas ao empréstimo compulsório, pagamentos de contingência, e o uso de créditos fiscais de perdas fiscais acumuladas, que podem reduzir ainda mais sua carga tributária. Este cenário oferece mais espaço para a empresa investir em seus negócios, reduzir suas dívidas e, principalmente, distribuir dividendos de forma mais generosa aos acionistas.

Perspectivas dos bancos

O BTG Pactual também compartilha uma visão otimista sobre a Eletrobras. Para o banco, a empresa tem um futuro promissor, com a capacidade de gerar um fluxo de caixa robusto nos próximos anos. Em 2025, o BTG projeta que a Eletrobras gerará cerca de R$ 7 bilhões em caixa, o que permitiria o pagamento de dividendos entre R$ 6 bilhões e R$ 8 bilhões, sem comprometer os investimentos necessários ou sua alavancagem financeira.

A tendência de redução de alavancagem, aliada a um aumento na geração de caixa, coloca a Eletrobras em uma posição privilegiada para distribuir dividendos elevados, algo que deve beneficiar os acionistas da companhia. O BTG também afirmou que a empresa pode entrar em uma nova fase de maior estabilidade financeira, com a combinação de um balanço mais forte e dividendos generosos.

Revisão do preço-alvo e riscos macroeconômicos

Embora as perspectivas de dividendos elevados sejam promissoras, o Itaú BBA revisou o preço-alvo da ação da Eletrobras de R$ 59,60 para R$ 54,90, devido a uma expectativa de aumento no custo de capital e à revisão do valor de Eletronuclear, que antes era estimado em R$ 2,5 por ação. No entanto, o banco manteve a recomendação de compra, dado o alto retorno das ações e a expectativa de que a empresa possa alcançar um nível significativo de rentabilidade nos próximos anos.