As eleições presidenciais nos Estados Unidos, marcadas para a próxima terça-feira, 5 de novembro, podem ter um impacto significativo no câmbio e no mercado de ações brasileiro. A análise da XP Investimentos traça dois cenários distintos: um com a vitória do republicano Donald Trump e outro com a eleição da democrata Kamala Harris.

Se Donald Trump vencer as eleições, a expectativa é que o dólar se fortaleça globalmente. Isso se deve a um provável cenário inflacionário nos Estados Unidos, que poderá gerar pressões sobre o câmbio e as taxas de juros no Brasil. A proposta de Trump de implementar uma tarifa global de 10% sobre todas as importações pode afetar as relações comerciais entre os EUA e o Brasil, especialmente em commodities.

O Brasil, sendo um grande exportador de commodities agrícolas, pode se beneficiar de um aumento na demanda, especialmente num contexto de tensões crescentes entre China e EUA. No entanto, as tarifas propostas por Trump também podem impactar negativamente as vendas brasileiras de petróleo, aço e café para os Estados Unidos, criando um cenário de volatilidade. 

Além disso, a expectativa de um dólar forte poderá acentuar a inflação dentro do Brasil, uma vez que um dólar mais caro significa que as importações se tornam mais onerosas. Esse aumento nos custos pode resultar em pressões inflacionárias que afetarão o consumidor brasileiro e a economia como um todo.

Por outro lado, a eleição de Kamala Harris pode criar um cenário mais favorável para a economia brasileira. Com uma política fiscal expansionista e investimentos em infraestrutura prometidos, a administração de Harris pode levar a um enfraquecimento do dólar, atraindo fluxos de capital para ações globais e mercados emergentes, incluindo o Brasil.

Neste contexto, o país pode se tornar um fornecedor alternativo importante para a China, especialmente em relação a minerais críticos que são essenciais para a transição energética. Essa mudança pode abrir novas oportunidades para exportações brasileiras, diversificando ainda mais a economia do país.

Além disso, as políticas de investimento em pequenas empresas e saúde prometidas por Harris podem impulsionar a economia americana e aumentar o apetite por risco entre os investidores. Com isso, há uma expectativa de que mais recursos fluam para o mercado brasileiro, beneficiando tanto o câmbio quanto a Bolsa de Valores.

A XP analisou os últimos seis ciclos eleitorais americanos e concluiu que fatores idiossincráticos desempenham um papel mais significativo nos resultados do mercado acionário durante as eleições. Isso indica que, embora as políticas de Trump ou Harris possam influenciar o câmbio e o fluxo de investimentos, outros fatores podem ser igualmente determinantes para o desempenho do Ibovespa.

Enquanto um governo Trump pode gerar incertezas, como novas tarifas e sanções comerciais que aumentariam a volatilidade nos mercados, um governo Harris poderia proporcionar um ambiente mais estável e favorável ao crescimento econômico, particularmente para os mercados emergentes.