A Cyrela (CYRE3) vai avaliar a possibilidade de pagar dividendos extraordinários aos acionistas no segundo semestre de 2025, mesmo diante do maior consumo de caixa registrado nos primeiros seis meses do ano. A declaração foi feita pelo diretor financeiro da construtora, Miguel Mickelberg, durante teleconferência sobre os resultados do segundo trimestre (2T25), realizada nesta sexta-feira (15).

Segundo Mickelberg, a companhia mantém o compromisso de otimizar sua estrutura de capital, considerando alternativas de distribuição de dividendos apesar do aumento nos desembolsos, principalmente com a compra de terrenos.

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No segundo trimestre de 2025, a Cyrela registrou um consumo de caixa de R$ 392 milhões, frente a R$ 61 milhões no mesmo período de 2024. Já no acumulado do ano até junho, a construtora apresentou consumo de R$ 320 milhões, enquanto no mesmo período do ano passado havia gerado caixa de R$ 69 milhões.

O aumento no consumo de recursos foi fortemente influenciado por desembolsos maiores com compra de terrenos, que totalizaram R$ 480 milhões no trimestre — o dobro da média histórica da companhia, que gira em torno de R$ 240 milhões. Mickelberg destacou que parte desses terrenos conta com sócios, o que deve gerar reembolso de cerca de R$ 100 milhões nos próximos meses, mitigando parcialmente o impacto sobre o caixa.

“Temos alguns terrenos com sócios, e teremos reembolsos acontecendo nos próximos meses. Isso representa uma reversão de aproximadamente R$ 100 milhões”, explicou o CFO.

Mudança na velocidade de vendas afeta conversão em caixa

Além do aumento no consumo de caixa, a Cyrela enfrenta mudanças na velocidade de vendas de estoque (VSO). Enquanto as unidades mais novas apresentam vendas acima da meta, os estoques prontos e semi-prontos — aqueles que são entregues ao longo do ano — estão sendo vendidos mais lentamente.

Essa alteração na composição das vendas impacta diretamente a conversão em caixa, já que os estoques que geram receita imediata estão vendendo mais devagar, mesmo com a performance geral de vendas mantendo-se saudável.

“A conversão dessa venda de estoque em caixa está sendo menor do que projetávamos, o que deve afetar a posição final de caixa em 2025”, afirmou Mickelberg.

Perspectiva de posição de caixa e dividendos no segundo semestre

Apesar das incertezas, a Cyrela continuará avaliando a possibilidade de distribuir dividendos extraordinários no segundo semestre, mantendo a tradição de buscar um equilíbrio entre investimentos em crescimento e retorno aos acionistas.

O CFO ressaltou que, mesmo com a expectativa de alguma reversão no consumo de caixa, a companhia deve encerrar 2025 com uma posição de caixa próxima da neutralidade ou negativa, devido à combinação de aumento na compra de terrenos e mudanças na velocidade de vendas.

“Ainda é difícil precisar, há bastante incerteza, mas a posição de caixa deve ficar aquém do que esperávamos no início do ano”, disse Mickelberg.

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